terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Diarreia verbal [não dá para mais!]



São dez e meia da noite a acabo de aterrar no sofá. Trabalhei o dia todo depois de dar de mamar durante a noite, voei para uma reunião de encarregados de educação ao final da tarde, cheguei a casa morta de saudades e de culpa, fiz as perguntas de controle do costume (TPCs feitos? Estudo cumprido? Dia bem passado?...), garanti que as mochilas ficaram despachadas, a roupa de amanhã escolhida e o despertador ligado (tudo cumprido pelos miúdos, mas com a minha vigilância apertada), distribuí beijos e abraços vezes quatro (às vezes, matemática difícil!), deitei a princesa da casa, adormeci o bebé (hoje foi o dia da sua ainda curta existência em que lhe cheguei mais tarde, custa-me horrores!), tentei dar atenção ao meu marido (ainda que de passagem), jantei no entretanto a refeição que me fez (abençoado!), parei um minuto com uma ligeira palpitação no peito. 
A verdade é que me sinto exausta, física e emocionalmente. A vida corre rapidamente e o pensamento foge-me, muitas vezes, para as preocupações que me apavoram nos últimos tempos. Pesadelos  e fantasmas que me esforço por neutralizar mais um bocadinho, todos os dias, mas que ainda cá estão.

A propósito do post aqui de baixo, alguém me perguntava como ganhei coragem para dar o salto e mudar de vida. E alguém enaltecia a mulher forte que sou. A coragem ganha-se com a certeza de que chegámos ao fim da linha. Quanto à minha força, dizer-vos que o medo de tudo e de todos é o meu nome do meio. A diferença, é que ele já não me paralisa. Para o melhor e para o pior.

[obrigada por estarem aí desse lado]

7 comentários:

Maria do Mundo disse...

A vida é mesmo uma correria. Eu com duas sei bem como é. Imagino com quatro!

Xica Maria disse...

Essa correria ainda me espera... tenho a sensação que nao vai ser fácil.

Unknown disse...

Por aqui ainda me estou a ajustar a acomodar, nas 24 horas do dia, todo o tempo que quero dedicar ao meu filhote e ao meu companheiro e as tarefas que tenho de fazer de trabalho, casa e doutoramento. Ainda estou na fase de achar que não consigo encaixar tudo e ando em busca do melhor planeamento para os meus dias... Mas admiro toda a tua capacidade e a tua força... Como se costuma dizer... Quando for grande quero ser como tu :) Beijinhos e obrigada pelas tuas partilhas e por transmitires sempre essa energia positiva com o teu sorriso :)

Anónimo disse...

Um dia tive assim umas palpitações a fazer aquilo que eu achava que era hobbie mas onde ganhava dinheiro e percebi : o corpo estava a mandar-me parar e eu tive sinais antes da palpitação acontecer . O corpo doía como numa gripe, o cansaço era imenso e eu insisti em ir à mesma... é tão difícil , mas às vezes temos mesmo de parar . Um beijo

L. disse...

É isso mesmo, quando chegamos ao fim da linha não há mesmo volta a dar a bem da nossa felicidade (e dos nossos filhos também). Ainda estou a tentar dar o salto mas é tão difícil quando a outra parte não entende nem aceita! Nem imagina como a admiro e como ajuda ler os seus posts sobre este assunto. E parabéns pela coragem porque é preciso muita...

Anónimo disse...

Marta sigo-a há mais ou menos 2 anos. Admiro-a. Desejo muito que tenha toda a sorte do mundo com sua família.
O medo tem mesmo a capacidade de nos paralisar. Tenho 34 anos, trabalho onde nunca pensei, naquilo que nunca pensei. Desperdicei muitas oportunidades e contactos por causa do monstro. Olho para trás e pergunto-me como foi possível deixar-me chegar aqui, como é possível deixar-me ficar aqui.
Um beijo para si.
Sílvia S.

Unknown disse...

"A coragem ganha-se com a certeza de que chegámos ao fim da linha."
Esta frase não podia ser mais verdadeira.
Obrigada Marta