Ontem não consegui adormecer o Vicente, nem fui capaz de sossega-lo. Chorava pelo pai, que estava na cozinha, e nada do que eu dissesse ou fizesse conseguiu acalma-lo. O desespero do meu bebé fez com que acabasse por chamar o Rui e por desabar a chorar, sozinha na cozinha.
Não ser a pessoa para quem ele corre quando se magoa, nem com quem ele se aninha quando está assustado ou com sono, é demolidor para mim. Não ser quem consegue acalma-lo quando está triste, nem ser quem cujo abraço e colo lhe tiram todos os medos e todas as dores, dói-me a mim. Dói-me no coração. Mas de tudo o que causa dor, tento tirar uma aprendizagem qualquer. Neste caso, testemunho de perto que o "cuidador" não tem precedência de género e que os pais, tal como as mães, podem ser a referência afetiva principal dos filhos.
Hesitei em publicar este post, porque tive medo que me vissem como uma mãe menos capaz, menos competente, menos mãe. Mas decidi faze-lo, porque não sou nada disso. Sou mãe de um bebé que tem a sorte de ter um pai presente física e emocionalmente desde sempre, e que encarou a paternidade como a sua prioridade desde o dia 25 de Maio de 2016. Não sou o primeiro colo para quem o Vicente corre, mas sou o segundo, e abrir mão deste protagonismo é o maior exercício de humildade da minha vida. O mais desafiante, o mais duro e, espero eu, o mais transformador.
[um agradecimento muito especial a todas as pessoas que fizeram comentários no post do instagram; juro que me aqueceram o coração]