Quando me separei, desmoronei numa conversa de vinte minutos com a Educadora da minha filha. A ideia inicial era falar-lhe sobre esta mudança que estava a acontecer na vida da Vitória, e alertá-la para eventuais alterações de comportamento que pudesse vir a ter. Queria que estivesse preparada para lidar com perguntas, silêncios, alterações de apetite, o que fosse necessário para ser mais uma aliada da minha filha no processo. O que eu não estava à espera, era que a Educadora da Vitória se tornasse, numa conversa de vinte minutos, na "minha aldeia". Não é que tenha dito muita coisa, nem que tenha feito o pino para me confortar. Ao contrário, escutou-me, emocionou-se comigo e disse-me que iria ficar tudo bem. E abraçou-me. Não fez perguntas vazias, não emitiu opiniões estéreis, não fez julgamentos rápidos. Limitou-se a acolher a minha dor e ali ficou, abraçada a mim.
A "aldeia" que construímos à nossa volta, às vezes, é feita de momentos, de pessoas que vão e vêm, de anjos da guarda que não permanecem, mas que põem um tijolo forte e vão embora. A "aldeia" pode ser construída de muitas maneiras, em muitos espaços e por pessoas que não estamos à espera. É preciso aceitar a ideia de que ela se amplia e que é dinâmica, como a nossa vida. E depois, é preciso aprender a aceitar o Amor que nos chega de onde menos esperamos e que, sem darmos conta, nos salva e nos redime.
4 comentários:
Este post é muito forte!
É tal e qual isso que diz: "A "aldeia" que construímos à nossa volta, às vezes, é feita de momentos, de pessoas que vão e vêm, de anjos da guarda que não permanecem, mas que põem um tijolo forte e vão embora."
O Amor chega-nos mesmo de onde não esperamos...e salva-nos!
Creio que essa é uma das formas de Deus se manifestar na nossa vida...E deveria ser sempre assim, com Amor, a forma de nos manifestarmos na vida uns dos outros... Para que pudéssemos ser todos verdadeiros "Anjos da Guarda" na vida daqueles com quem nos cruzamos.
Gostei muito deste conceito de aldeia!
👍
Há 5 anos atrás o meu marido foi trabalhar para a Áustria, um momento difícil pra mim que fiquei sozinha com a nossa filhota de 2 anos e de 15 em 15 um fim de semana com o meu enteado que nunca deixou de vir. Também contei na creche a situação e para verem a reação da minha filha nesta nova mudança de vida com um pai ausente e também elas foram umas queridas para nós.
Há pessoas realmente boas, que se destacam mais nestas situações em que necessitamos de ajuda.
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