terça-feira, 12 de setembro de 2017

Quem é que de perto é normal?



Ando maluca com o livro maluco da Tati Bernardi "Depois a Louca Sou Eu", que põe a nu os ataques de ansiedade e as fobias da autora, num relato inteligente, duro, cómico e real. O livro fez-me pensar nas minhas próprias loucuras/manias/fobias (o que lhes quiserem chamar!), que quando partilho com amigos mais chegados, e apesar de me conhecerem de perto, ficam com um ar desconcertado.
Nunca me fez sentido partilhá-las publicamente, mas confesso que inspirada pela Tati (posso chamar-te assim, Tati?), decidi que loucos somos todos, uns com maior capacidade autocrítica que outros, uns mais loucos que outros mas, como diz uma grande amiga, quem é que de perto é normal? Eu não sou; vocês são?...
Posto isto, desafio-vos a partilhar uma coisa (uma coisinha apenas) louca sobre vocês. As minhas 10 ficam aqui para a posteridade:

1. Benzo-me de cada vez que passo por uma ambulância (ou de cada vez que ouço sirenes), facto que já me trouxe situações cretinas, como quando me benzi a ver passar a comitiva do Benfica;
2. Como doces e gorduras à pressa, porque tenho a crença, mesmo crença, de que se o fizer num nanosegundo, o corpo não se apercebe de nada e não engorda;
3. Os sapatos da família toda estão arrumados com o direito à frente do esquerdo, para dar sorte;
4. Sempre que vou dar um beijinho de boa noite aos meus filhos, saio dos quartos a arrastar o pé direito...para dar sorte (também arrasto o pé direito antes de entrar no carro, para entrar no trabalho e sempre que o dia me assusta, arrasto-o a qualquer momento);
5. Adoro falar sozinha em frente ao espelho e já fui entrevistada pela Oprah e pela Júlia Pinheiro (leia-se, eu faço de Oprah e de Júlia e eu faço de Marta), centenas de vezes (também já fiz de Cristina Ferreira e de Marta dezenas de vezes);
6. Já usei lentes de contacto verdes, já fui trabalhar de rabo de cavalo postiço até ao rabo e tenho uma peruca comprida preta, com a qual ainda vou sendo entrevistada na casa-de-banho algumas vezes (pela Oprah, pela Júlia e pela Cristina, leia-se);
7. Quando não me apetece aturar aos meus filhos, adoro fingir que desmaio; agora já não funciona;
8. Zangada com o meu homem, já fingi que fugi de casa (fiquei uma hora no estendal do prédio a chorar e liguei-lhe para me ir buscar; ele ria às gargalhadas);
9. Tenho uma placa de silicone na cabeça e acho que é por isso que não sei fazer uma única conta (não dou explicações de Matemática aos meus filhos desde o 2º ano e juro que não estou a exagerar...os problemas do Marco que emprestou livros à Adelaide que por sua vez os deu à Clarice dão conta de mim; as contas dão conta de mim, mas o silicone explica quase tudo na minha vida e isso acalma-me);
10. Desde o filme "Tubarão" que tenho pavor de mergulhar no mar e em piscinas... ... ...pois.

Fui.

9 comentários:

Anónimo disse...

Eu também me benzo qdo vejo uma ambulância e um gato preto (atenção: gosto de animais), também entro com o pé direito, também tenho medo de dar mergulhos no mar por causa dos tubarões, etc.. mas a pior de todas, e que me condiciona de há 3 anos para cá, não consigo conduzir em auto estradas ou passar a ponte :( Bora formar um clube? Bjs Marta ass: RS

Monica disse...

love ir love it.... tb sou entrevistada inumeras vezes em frente ao espelho...:)
e ja fingi tanta vez algumas "dores de barriga agudissimas" só para poder estar 15 minutos sossegada ao telemovel na net na casa de banho...

Ao ler este post hoje sinto-me "mais normal"

Love it

Mónica Monteiro

Sofia Marques disse...

Eu não sou entrevistada em frente ao espelho mas adoro conversar enquanto conduzo, sozinha, falo comigo e com o carro, conto-lhe tudo e faço cenários hipotéticos porque sofro de antecipação e gosto de estar preparada para qualquer cenário possível... que no fim nunca estou...
Ver isto escrito é estranho...

moijeeu disse...

Quando o Sporting joga se estiver a ganhar não saio daquele sitio se estiver a perder, sento-me noutro sitio para mudar a sorte.

Anónimo disse...

Eu não consigo para 'fazer o serviço ' na casa de banho preciso de ler, nem que seja o rótulo da pasta de dentes.

Andreia Pereira disse...

Quando penso em alguma coisa má que não quero que aconteça tenho de bater 3 vezes na madeira e dizer "isola".Em sítios com outras pessoas é complicado, bato na madeira disfarçadamente (pelo menos penso que sim) e sussurro o "isola".
Sou tão desastrada que já mexi na mala de uma senhora numa loja, pensando que estava à venda (quando vi que tinha coisas dentro ia morrendo), já fiz com que um empregado dos "Pasteis de Belém" derrubasse todo um tabuleiro, empilhado, só para não chocar comigo (estava a recuar lá dentro em passo apressado para não perder o lugar), já caí de bicicleta para cima de um vizinho e já era grandinha (hoje não sei andar porque ganhei trauma)...
Acho que sim, no fundo todos somos "normalmente loucos"!

urmystars.blogspot.pt disse...

Falo sozinha, em voz relativamente alta, quando quero colocar pensamentos em ordem ou simular o que gostaria de dizer a alguém e não digo. E às vezes dou por mim a contornar uma esquina e a dar de caras com quem vem no outro sentido. A maior parte das vezes, tenho a certeza que ouviram a conversa, ou pelo menos parte. Às vezes ainda disfarço e finjo que vou a cantar - é menos maluco, ou não?

Anónimo disse...

Ui....Eu sou mesmo maluquinha. Começa logo de manhã. Logo que acordo benzo-me antes de sair do quarto, ao sair do quarto, no corredor, às vezes na casa de banho, ao sair da casa de banho já depois da higiene feita e ainda quando estou para sair de casa. O pior é que cada vez que o faço é porque tenho dúvidas se já o fiz, porque acredito que o dia me vai correr melhor se o fizer. E na dúvida volta a fazê-lo. Depois lembro-me que já me tinha benzido pelo menos três vezes e acho-me um bocadinho ridícula. também passo parte do dia a bater na madeira e a dizer "isola" entre muitas outras.

A Mocha disse...

lolll adorei isto. Vejo é que tenho de retomar o meu próprio blog para me ir rindo (e chorando) comigo própria. E (re)continuar a ler o seu.

P.s. Sempre que passa uma ambulância não me benzo (sentir-me-ia constrangida) mas digo sempre para mim própria algo do estilo "Deus o abençoe, que tudo corra bem"