terça-feira, 31 de janeiro de 2017

És a tua melhor versão?

Juvenália de Oliveira Fotografia

Passei anos da minha vida a querer ser parecida com alguém: a "stôra estilosa" de Jornalismo do 10° ano, a Carol professora de dança, a Regina Duarte na Malu Mulher e na Viúva Porcina, a minha amiga Carla, a vizinha loiraça de cima, a Anabela Mota Ribeiro, a minha mãe, a Catarina Furtado, a Coco da série Fame, e por aí adiante.
Foi preciso chegar perto dos 40 para perceber que a única pessoa que poderia alguma vez ser com autenticidade, era eu própria e que mais valia tentar ser a minha melhor versão, em vez de uma imitação de fraca qualidade. Foi assim que passei a assumir os meus caracóis, que mudei algumas coisas na minha maneira de vestir e que, mais recentemente, alterei hábitos alimentares. Já que vivo neste corpo pessoal e intransmissível, que esta estadia seja passada ao melhor estilo e, na verdade, ao único possível: o meu.
Esta descoberta é chata de óbvia, mas juro que tem mudado a minha vida, porque me serenou. Continuo a admirar muitas mulheres (felizmente, muitas que me rodeiam diariamente), mas já não lhes quero chegar, porque aprendi a chegar-me a mim própria. Posso admirar-lhes o cabelo, a maneira de falar, o perfume, a forma como olham, o que for, mas deixei de querer ser assim também. Decidi aceitar-me com as características que tenho e de fazer o melhor que conseguir com elas.
Quero dar esta minha descoberta de presente à minha filha, já que as mulheres continuam a ser as mais pressionadas com isto da beleza estereotipada. Mas não tenho ilusões, sei que há descobertas que só a idade traz, e que um dia ela saberá valorizar o cabelo encaracolado lindo de morrer que tem, e as pernas altas. Até lá, resta-me repetir-lhe que é a miúda mais maravilhosa do meu universo e rezo para que o Amor à volta, faça dela a sua melhor versão.

8 comentários:

Anónimo disse...

Lindo!!!!!

Isabel Patrício disse...

Uau:
"-Já que vivo neste corpo pessoal e intransmissível, que esta estadia seja passada ao melhor estilo !"
Um bom dia !

Matilde disse...

Querida Marta, leste-me a alma, eu tambem era assim como tu, e depois dos 20 comecei a dar muito mais valor ao meu eu, acredita que te entendo bem, e com os 30 senti-me melhor que nunca e agora, a pouco mais de um mes de entrar nos entas sinto-me realizada :)
Continua assim por favor :)
Bjinhosss

Anónimo disse...

<3

Anónimo disse...


Marta,
Identifico-me muito com os sentimentos que expressa neste post. Como em muitos outros aliás...
Obrigada por partilhar e continue sempre assim, nem imagina o alento que me dá:)
Teresa

Isabel disse...

Bom dia Marta
Que texto lindo e escrito de uma forma que nos deixa a gostar cada vez mais de a gostar ler e a achar sempre pouco :)

Paula Sousa disse...

Olá Marta,

já há algum tempo te sigo, e embora sejam uns largos anos que nos separem, já tenho coisas na minha vida que em muito se assemelham à tua, ou, pelo menos, à tua forma de pensar.
Também eu, e com apenas (quase) 25 anos, lidei com pressões e opressões de uma sociedade que muito gosta de julgar o verdadeiro amor, por mais (im)provável que ele seja. Faço 17 anos de diferença do meu marido, com um natural passado, e, agora e finalmente feliz, uma família em construção. Estou prestes a ser mamã da minha Francisca, e estamos muito felizes. Até aqui, foram muitos dias de luta e indignação. Os mesmos pelos que passaste aquando da tua decisão de seres feliz, se me faço entender. Até que chegamos a uma mesma conclusão: que se danem os outros e vamos é ser felizes!
Também eu tive, até há bem pouco tempo, a mania de querer ser parecida com alguém. Felizmente, o amor mudou-me e a (quase) maternidade ainda mais, o que me fez perceber de que, de facto, nós somos especiais porque simplesmente, somos NÓS. Incríveis, únicas, inigualáveis, idênticas. E que temos de nos valorizar (muito) pois temos o que imensa gente (estereotipamente perfeita) desejaria ter: saúde e um amor incondicional do marido e dos filhos e da família e amigos.
Também eu, há 1 ano e meio atrás, decidi mudar radicalmente a imagem, passando de um longo cabelo amadeixado (ou amarelo, vá!) para um curto cabelo ruivo. E sabes? Senti-me outra! Estás linda, e, mais do que isso, transpareces felicidade por detrás desse ar cansado que tão naturalmente toma conta de ti.
Pensa que as tuas fraquezas (partilhadas) são força e inspiração para muitas mulheres!
E continua assim...forte e sorridente!
Um beijinho e felicidades.

Anónimo disse...


Eu também era assim; com a idade ganhei auto confiança e aprendi a valorizar-me, a gostar de mim tal como sou, e a valorizar-me. Agora quero ser eu mesma, e não como as outras (que eu achava que eram melhores que eu.
E deixei de querer agradar aos outros, agora quero é agradar a mim mesma, sem me preocupar com o "que vão dizer", e o "parece mal"..
Mas, gostava de te perguntar: - Sentes a inveja e a maldade dos(as) outra(as)? (sobretudo a inveja das outras) ?
É que, a mim parece-me que a segurança em mim mesma, que adquiri à minha custa, desperta inveja maldosa em algumas outras que se cruzam comigo no dia-a-dia...
Tambem sentes isto?
E como fazes?