Juvenália de Oliveira Fotografia |
Acabamos sempre a noite lado a lado, enterrados no sofá que comprámos beige, mas que por força da família numerosa e do gato que temos, é da cor das mantas que vamos pondo em cima, as que estão lavadas no momento. O sofá está quase sempre pejado de princesas-sereia ou de legos minúsculos, de modo que é comum ouvirmo-nos a gritar de dor, porque espetámos uma dessas belas relíquias no rabo.
A mesa à frente da televisão ainda costuma ter uns vestidos de princesa com que a minha filha se mascarou ao final do dia, e se olharmos para o tapete, ainda estão por lá os ténis que os meus filhos deixaram na sala e que gritamos (com a pouca energia que nos sobra), para que venham arrumar antes de se deitarem.
Damos por nós a repetir as regras quinhentas mil vezes e isso cansa, mas acho que a comunicação com adolescentes tem esta característica irritante: a de parecer que nunca somos ouvidos. Se pensar bem, só costumo descobrir que os meus filhos interiorizaram o que lhes dizemos, quando estão na casa de alguém e aí, são normalmente cuidadosos. Menos mal.
Prezo a comunicação no casal. Juro. Mas chegada esta fase da noite, não me apetece falar com o meu homem que é, por sinal, o homem da minha vida. Ele vê as aventuras de uma comunidade que vive isolada no Alasca, e eu assisto em loop a ted talks no youtube, um vício como outro qualquer. Não trocamos três palavras, não porque não tenhamos assunto, mas porque não nos apetece. E sim...está tudo bem, só está tudo cansado.
De manhã, já com ele a trabalhar, trocamos mensagens de amor e muitas promessas de que o serão seguinte vai ser diferente. Mas normalmente nunca é, porque é humanamente impossível.
Resta-nos saber que isto passa. E também nos resta a capacidade (que ainda temos!), de nos rirmos de nós próprios.
O amor junta-nos e o humor salva-nos.
2 comentários:
O mesmo filme cá de casa...
Junta-nos e salva-nos o amor!
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