quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Destas "novas" formas de viver em família

Partilhar a vida com alguém que não é o pai dos nossos filhos, dá trabalho e tem muita coisa para correr mal.
Os miúdos podem não aceitar o "intruso" e questionar constantemente a presença e a autoridade. E o próprio pode cansar-se de um projecto que não começou e ao qual pode sentir, sempre, que não pertence. E é tão mais fácil desistir do que não sentimos como nosso. E tentador atirar tiradas do género "eles não são meus, atura-os tu!".
Se este é um cenário conhecido, perdoem-me a crueza, mas mais vale atirá-lo às urtigas. 
Não se consegue amar quem não ama os nossos. Verdade absoluta.
Podemos tentar, imbuídas que estamos pela paixão. E podemos simular uma harmonia aparente durante um tempo. Mas não é possível partilhar a vida e os nossos filhos, as merdas, as crises e os dissabores que o dia-a-dia tem, com um homem que não se apropriou do nosso projecto e que não o vê, também, como seu. Não há forma de o fazer, por mais que tentemos e por mais que queiramos. A verdade, é que queremos os nossos filhos primeiro, e o amor não resiste ao desamor do outro por quem é parte de nós.
Posto isto, acertar pode não ser fácil. E mesmo quando se acerta na mouche, há dias difíceis, que não há milagres. Dias em que os putos contestam ordens e disciplina. Dias em que nos põem à prova, em que olham para os dois adultos da casa para conferir posições. Para verificar a possibilidade de uma brecha que seja, de uma fenda na conciliação da instrução dada. 
Há dias assim. Dias em que aos adultos resta-lhes tentar validar posições em conjunto, mesmo que na intimidade afinem conteúdos e formas, acertem agulhas e melhorem para o desafio que se segue.

Quem me conhece bem, sabe que sou uma romântica inveterada. Mas a maternidade matou-me para sempre o amor e uma cabana.
Amar o homem que tenho ao lado implicará sempre que ele aceite incondicionalmente o "pacote" que trago comigo. Umas vezes mais pesado que outros, faz parte. Tenho essa sorte.
Se fosse ao contrário, bastar-me-ia uma noite de bom sexo, e até nunca mais.





7 comentários:

Mafalda disse...

Não podia estar mais de acordo, sem bem o que isso é e tudo o que acabaste de descrever. Bjs*

Anónimo disse...

Concordo plenamente, quando conheci o meu actual marido já tinha 2 filhos de 3 e 6 anos, hoje passados 8 anos e com mais 1 filho em comum ele trata-os sem distinção, quer no amor quer na disciplina.
Sinto-me feliz por também ter essa sorte.

Viajante (ex-"Meio de transporte") disse...

É isso mesmo. O meu casamento está a ruir desde que percebi isso no meu atual companheiro. É que não consigo mesmo....

Fashionista disse...

uma grande verdade! Felicidades

Unknown disse...

estou totalmente de acordo consigo Marta , voltei a casar e ja tinha duas filhas, veio o filho em comum e qd me apercebi já tinha acabado e em muito boa parte por isso , o não aceitar/amar incondicionalmente"o pacote"que já tinha ou ainda pior chegado o filho em comum fazer distinção delas....foi o fim.
Agora arrependeu-se , assumiu, está melhor mas tem um longo aminhoa a percorrer para lá chegar por isso estamos a"namorar "e cada um na sua casa.

Anónimo disse...

Gosto muito da tua forma de pensar.
Eu tive uma relação com um homem que tinha duas filhas. Ele adorava a forma como eu as mimava, mas quando chegava a parte de as chamar à atenção por algum motivo não admitia.
Eu sentia-me completamente posta de parte no que respeitava a tomadas de decisão em relação a elas. Com grande pena minha.

Anónimo disse...

e cara Marta, quando se tem a sorte de ter um marido Maravilhoso, se procura desde a primeira hora a conciliação e o afecto e os mesmos fazem contas ao dia que vão herdar a casa em que habitamos e para a qual ao contrario de mim, nunca contribuíram com nada, mas que gostam de referir com frequência,lhes pertence, entre outras pérolas. Às vezes é muito muito difícil...