sábado, 22 de fevereiro de 2014

Encruzilhada



Hoje foram mais 5km.
O primeiro quilómetro é de longe o pior. O corpo está a adaptar-se à agitação a que anda tão pouco habituado e reage mal. Acho sempre que vou parar e que não aguento nem mais um passo. E digo a mim própria {como me habituei a dizer em tantas outras coisas da minha vida}, que não vou conseguir e que não faz mal. Mas depois chegam os 2km e a constatação de que consegui, afinal, o que achava que não conseguiria. E se corri dois, porque não três. E assim chego ao terceiro quilómetro, sem nunca saber muito bem como lá cheguei.
Ao terceiro volto a achar que irei parar a qualquer momento. Mas nunca é bem o momento. Olho a paisagem, tento cruzar alguns olhares com quem vem em sentido contrário, penso na vida. E penso que se cheguei até ali, se saí de casa e deixei os miúdos com o meu homem {que também queria ter ido correr}, se está frio e vento e se, mesmo assim, vim até ali e já fiz 3Km, é melhor deixar-me de mariquices e continuar. Os quatro vêm assim: numa luta interior. 
Depois dos quatro, normalmente a corrida torna-se doce. Tenho fim à vista, simplesmente porque meti na cabeça que farei 5km e já só falta um. E o que é 1km comparado com os quatro que já fiz a ferro e fogo?
A aplicação do iPhone contabiliza 5km e paro feliz da vida. Mais uma batalha vencida.

O máximo que corri até hoje foram 6km. E ainda não consegui ultrapassar essa fasquia, porque não sei que diálogo ter comigo própria a partir dali. Não sei o que me dizer a partir dali, nem como o meu corpo se irá comportar a partir dali. 
Quando souber, ultrapasso-me.
Até lá, sairei sempre de casa para correr cinco.

2 comentários:

Miss F disse...

O importante mesmo é não deixar de correr!:)

Dolce Far Niente disse...

Miss F, isso não vou deixar! Faz-me bem :)