segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Voos Largos

Por mais presente e atenta que possa ser enquanto mãe, não tenho a veleidade de pensar que conheço o mundo interior dos meus 3 filhos. Acho que ninguém pode ter.
Sei do que gostam e do que não gostam, conheço-lhes os horários e as actividades que praticam, adivinho parte das suas angústias e dos seus medos, e tento chegar-lhes perto da alma. Mas sei que me fico somente pelos arredores.
E à medida que vão ficando mais crescidos, receio perder-lhes o rasto.
Receio que se fechem num mergulho solitário.
Receio deixar de perceber os que os fascina, tanto quanto o que os assusta.
Receio que o caminho os leve para longe. Não em espaço físico. Mas nas emoções.
É por isso que ser Mãe é uma tarefa nobre e, talvez por isso mesmo, tão difícil - educamos para voos largos e sofremos com isso.
Também há quem prefira manter as crias em voos rasos. Por medo. Por egoísmo.
Percebo, mas não partilho o comodismo.
Prefiro dar asas e trabalhar nos meus voos.
Para podermos voar juntos. Sempre.

MM