sexta-feira, 19 de agosto de 2011

8 e 80

Talvez porque nunca me considerei dona de verdade nenhuma, chateiam-me as pessoas que se acham guardiãs de verdades absolutas.
Admito que o 8 é capaz de ser tão mau como o 80, e duvidarmos sempre das nossas posições é tão estúpido quanto termos sempre a certeza de que estamos certos. Contudo, pender sempre para o 80 cansa quem está à volta e, muitas vezes, viola privacidades, castra pequenos movimentos de autonomia, invade territórios e pode seriamente magoar sensibilidades.
Estou certa de que é no meio que está virtude, e como somos todos pejados de pequenos e grandes defeitos, todos pendemos ora mais para o 8, ora mais para o 80. Mas é perigoso não tomar consciência da nossa inclinação natural, e não tentar acertar a agulha, naquele que é um exercício que considero de uma vida.
A insegurança constante leva ao colapso, não tenho uma dúvida. Mas a verdade absoluta leva  à cegueira sobre nós próprios e sobre os outros, impedindo o vislumbre de "outras verdades", porque acredito muito pouco no universo a preto e branco. Sou pelas cores e pelas nuances...
 Aos da banda 8, sugiro coragem para assumir as verdades que vêm de dentro e para assumir as consequências.
Aos da banda 80, proponho prudência nos juízos de valor e nas falsas certezas. É que o mundo é feito de matizes e de ambivalências. E é algures por entre as cores, as nuances e as matizes, que residem as verdades de cada um.

MM