sábado, 22 de setembro de 2018

A vida a passar por mim, sem mim.


A conciliação não existe.
Existe o meu homem que faz das tripas coração para suprir as minhas faltas. Existem avós que se desdobram no tempo e no espaço para darem conta dos meus recados. Existe a vida em constante sobressalto para falhar o menos possível e para estar presente naquilo que é importante. Existem noites curtas, insónias e valdispert quando a ansiedade aperta. Existe o colo do meu homem e da minha mãe. Existe a generosidade dos meus filhos perante os meus atrasos e diante do meu desespero. Existem serões inteiros em frente ao computador. Existem as muitas vezes em que não vou buscar o meu bebé à creche. Existe muito trabalho depois da casa estar em silêncio. Existem os amigos do peito para me mostrarem vida para além da minha vida. Existe a vida lá fora, que é tão boa. 
A conciliação não existe. Esqueçam. Existem escolhas e prioridades em cada fase da vida. Apenas e só.

[escrevi este post em Junho, em frente ao Tamisa, naquele que terá sido o momento em que vi com clareza como a vida passava por mim, sem mim]

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