domingo, 4 de março de 2018

Quem nunca sentiu isto, que atire a primeira pedra...


Ora bem. Como é que hei-de dizer isto de uma maneira politicamente correcta. Não há maneira, mais vale ser honesta e dizer do que tenho saudades:
Da minha vida sem um bebé. Da minha vida sem ser chefe de nada nem de ninguém. De filhos em doses moderadas. Da minha cama sem Vicente. De sair sem sentir culpa. De liberdade e de tempo (não serão sinónimos?). De não fazer nada. De ver o meu homem cozinhar enquanto bebemos vinho tinto. De sair do trabalho e não pensar mais em trabalho. De correr. De estar sozinha e em absoluto silêncio. De passear em Lisboa de mão dada. De ter amigos em casa sem sentir vergonha do caos em que ela se torna todos os dias. De ser convidada para jantar em casa de amigos. De dançar slows com o meu homem. De ser surpreendida. De me recentrar. De não ter pressa. De dias calmos. De viajar. De estar com pessoas de quem gosto. De escrever todos os dias por aqui. De leveza. De dormir. De rir às gargalhadas. De não adormecer no sofá. De manhãs na cama. De surpresas pirosas e românticas. Dele. E de mim. E de nós.

(Cont.)

[quem nunca sentiu isto, esta exaustão, que atire a primeira pedra]

2 comentários:

Anónimo disse...

Olá, não está a ser politicamente incorreta, está a dizer a sua verdade. Tão trágico é conseguirmos alcançar o que queremos como não o conseguirmos. Há quase 6 anos que luto para ter um segundo filho, depois de 3 anos a lutar pelo primeiro que já tem quase 12 anos. Já viu como são as coisas? Neste momento faço tudo o que a Marta deseja ardentemente mas isso parece-me muito pouco comparado com a maternidade. Já a Marta tem maternidade vezes 4 e isso também não lhe basta. Vivemos tragédias diferentes mas não deixam de ser ambas bem pesadas.

Fátima Bento disse...

É tão verdade e t-ao humano...e é também disso que gosto em ti <3