quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Onde fica o romantismo quando nasce um bebé?


Poderia ter tentado disfarçar a máquina de lavar roupa e a pilha de papéis lá atrás, mas não me apeteceu.
Concentrem-se no primeiro plano: uma tentativa de compor uma cena romântica para o meu homem, antes dos meus filhos mais velhos chegarem do jantar com o pai, e enquanto o Rui tenta adormecer o Vicente, que grita desalmadamente, alheado que está à nossa necessidade imperiosa de estarmos juntos e sozinhos.
Agora já dorme, mas foi depois de alguma luta e de pôr o pai de nervos em franja e a pedir-me que fosse lá, porque estava muito cansado. A "cena romântica" correu depois disso, mas já sem grande romantismo, porque estamos os dois exaustos, acabados de chegar de uma ronda de compras de Natal com um bebé a tiracolo, de modo que foi engolir o petisco, brindar a nós para cumprir o ritual e vir para o sofá, ainda a aproveitar o silêncio antes dos putos voltarem.
Manter o romantismo com um bebé e três filhos na idade do armário em casa, às vezes, é uma merda. Mas não desistimos nunca, porque sabemos que o esforço vale a pena. E que ao final da noite, quando a casa dorme, finalmente, e nos enroscamos um no outro debaixo dos lençóis em absoluto silêncio, esse momento continua a ser o melhor do nosso dia.

2 comentários:

Coquinhas disse...

Acredito que não seja fácil mas não duvido de que esse "simples" petisco tenha tido a mesma qualidade que um jantar romântico num restaurante com estrelas michelin :P

Sìlvia disse...

Só um comentário: obrigada pela sinceridade... :) :*