quinta-feira, 22 de setembro de 2016

"O que és daquilo que querias ser quando fosses grande?"




A propósito deste post, recebi um comentário de um leitor que acha que todos nos deveríamos colocar a pergunta "o que és daquilo que querias ser quando fosses grande?".
Aquilo ficou-me na cabeça, porque ando há uma vida a tentar descobrir o que é que me move, qual a minha verdadeira paixão e o que vim cá fazer.
Adoro os meus filhos, a minha vida, a família que ganhei na lotaria e aquela por que corri atrás, os meus amigos, mas essa seria sempre a resposta-lugar-comum. Isso é de quem eu gosto, mas não responde à pergunta "do que é que eu gosto?", pois não? Não.
A pergunta do leitor fez ricochete e pode bem ser uma pergunta a que chamo de "casa de partida". Afinal, é na infância que, supostamente, estamos mais libertos de espartilhos sociais. ´É a fase por excelência, em que verbalizamos aquilo de que verdadeiramente gostamos sem medo de cairmos no ridículo, e sem ninguém a dizer-nos "isso não dá dinheiro nenhum!", "essa profissão não tem futuro!" ou "isso não é para ti!". Quando somos pequenos {partindo do princípio que temos uma auto-estima regada e espaço para sermos livres, como tem de ser}, podemos ser o que quisermos e, melhor que tudo, estamos autorizados a dizê-lo em voz alta sem sermos criticados por isso. É aqui que acho a pergunta do leitor fabulosa, porque ela remete para a origem, para o princípio de tudo, para o meu princípio.
Mas, afinal, qual foi o meu princípio? Bastam dois segundos para organizar ideias e responder: escrever e falar com pessoas. E vocês? Qual foi o vosso princípio, já pensaram nisso?

A vida correu e tornei-me Assistente Social. Gosto da minha profissão, porque gosto de pessoas, mas não sou apaixonada por ela {acho que é a primeira vez que digo isto}. O que me apaixona verdadeiramente, o que me faz perder as horas, o que me sai naturalmente, o que me faz frio na barriga é escrever {podia passar horas a escrever!}, falar com pessoas e partilhar coisas. Escrever e falar, escrever e falar. Comunicar.
Agora, a pergunta mais difícil, a do leitor: o que sou daquilo que queria ser quando fosse grande?
Este blogue tem contribuído para cumprir parte da minha paixão: a escrita e a necessidade de partilhar. O resto se verá, mas uma coisa é certa: saber o que me faz feliz já é uma enorme vitória. O que fazer com isso, garanto que terá resposta um dia.

10 comentários:

Anónimo disse...

Adorei a frase do leitor. Não sei se o adorei estará bem empregue, pois o sentimento que despertou em mim foi de nostalgia. Acho que não me lembro do que queria ser quando fosse grande. Lembro-me sim de querer muito ter um companheiro/amigo/amante e de querer ser mãe. Ambas as coisas se concretizaram.
Também gosto de escrever o que me vai na alma, mas não tenho o seu jeito.
E já agora lamento que não esteja selecionada para o melhor blog (muito pouca publicidade, por isso gosto de si)senão teria o meu voto. Beijinhos

Dolce Far Niente disse...

Obrigada :))

Um beijinhos

Bailarina disse...

Ora bem, eu queria ser jornalista, depois psicóloga, porque gostava(gosto) muito de comunicar e de pessoas. Depois enverdei pela eng.ª que daria emprego e era condição fundamental e sou feliz como eng.ª, porque encontrei em quase todos os momentos da minha profissão algo que me realiza, seja a tratar água, seja a comunicar com pessoas, seja a ajudar/partilhar maluqueiras com amigos.
O blog, este entre muitos que já tive, ajuda-me a compensar a minha necessidade de comunicar.
Na verdade sou feliz, muito, quase sempre, como era a minha família nuclear, por isso acho que sou tudo aquilo que gostava de ter sido...
Gosto muito de a ler e da sua forma de comunicar, mas acho que isso se nota pelas minhas visitas!

Sofia Marques disse...

Sempre disse que quando fosse grande queria ser professora primária, ter uma quinta com cavalos e um twingo.
Não sou professora primária, sou contabilista Lol Com o nascimento do meu filho percebi o porque de querer ser professora primária, sempre gostei de crianças mas só agora com ele eu percebi que gosto de ensinar. Ele ainda não me percebe mas explico-lhe tudo e mais alguma coisa, adoro ensinar-lhe tudo e mais alguma coisa e estou deserta que ele entre para a escola para fazer os trabalhos com ele Lol
Também não tenho uma quinta com cavalos, vivo num apartamento e tenho uma gata Lol Mas percebi que os cavalos transmitem-me paz e liberdade e é isso que me faz feliz. Não gosto de confusões, gosto de uma simples chávena de chá quente e um livro. Gosto de estar em contacto da natureza, gosto de andar sem destino.
Também não tenho um twingo Lolol Este sinceramente ainda não percebi o porquê de o ter escolhido ahahahah

Anónimo disse...

Eu queria ser peixeira...porque a peixeira do mercado onde eu ia com a minha mãe estava sempre carregadinha de pulseiras e colares...enfim,a vida não me correu bem nesse sentido (nem o peixe nem o ouro)e sou uma feliz jurista.

Ge disse...

Essa é uma questão que passou por mim há pouco tempo aquando da leitura de um livro que explora precisamente os sonhos de criança: "Um ano para ser feliz". Vale a pena ler;)
http://www.fnac.pt/Um-Ano-Para-Ser-Feliz-Lori-Nelson-Spielman/a973884

Anónimo disse...

Olá Marta!
Também sou Assistente Social!
E gosto muito, gosto de falar com as pessoas, gosto das suas histórias de vida...
Obrigada pela tua escrita diária, identifico-me muitas vezes com o que leio.
Ana Martins

Unknown disse...

Geralmente as profissões q escolhemos na infância refletem muito do que somos, por isso quando os nossos filhos nos mostram interesse por determinada área ou actividade devemos perguntar-lhes porquê? Para os fazer refletir e pesquisar, às vezes querem ser varredores do lixo porque querem proteger o ambiente, operadores de caixa porque gostam de comunicar... Ao responderem vão perceber q há uma ínfinidade de respostas, ao pesquisarem vão perceber q há um cem número de possibilidades 😉 E seremos sempre um bocadinho daquilo q eramos na infância 💗 bjinhos e adoro as suas partilhas

Sofia Costa disse...

Tenho 38 anos e ainda estou a procura de uma profissão que me faça feliz :) sempre quis a música (cantar) e tive durante alguns anos no final da adolescência e agora há poucos anos cheguei a fazer trabalhos como cantora e trabalho com música (sonoplastia) como freelancer mas descobri que gosto de espiritualidades , aquilo que sempre achei serem "coisas para maluquinhos" , mas Ainda está tudo muito embrionário , embora a seguir caminho ...beijo grande

Unknown disse...

desde sempre que falar pelos cotovelos é comigo!
agora q estou desempregada ha demasiado tempo, tenho pensado nisso... o que será que me move e que me faria ser (ainda) mais feliz? comunicar. sem duvida. sei que sou uma boa relacoes publicas, mas nunca estudei essa area. tirei design grafico mas os que me conhecem bem dizem que devia ter seguido educacao pre escolar... adoro livros e rabiscos e escrever (no pael... adoro escrever no papel!) por isso ando a escrever historias infantis com a inspiracao que vou buscar ao rapazola! queria muito abrir uma livraria infantil e publicar as minhas historias... mas parece-me que isto nao será para ja... é uma pena, mas o dia chegara!

quando for grande quero ser criança e brincar sem pensar... isso ja dizia a minha avó!!!

beijinhos da costa alentejana, Xana