Sempre que penso no que tem funcionado melhor na construção desta nossa "nova família", deparo-me com uma verdade da qual não consigo fugir, mas que mal explicada pode ser erradamente interpretada: o facto da minha relação com o meu marido vir em primeiro lugar.
Não se apressem já a criticar. Esta constatação não decorre de nenhuma insensatez, nem embriaguez da minha parte com este segundo casamento, nem resulta de egoísmo ou negligência de nenhuma espécie. Vejo a coisa exactamente ao contrário: o meu foco está no nosso casamento e na forma como o vamos gerindo diariamente, umas vezes melhor que outras. Opto conscientemente por dar prioridade à saúde da nossa relação, porque aprendi que dela depende directamente a saúde e a harmonia desta família que construímos em conjunto. "Gasto" tempo a fortificá-la e a alimentá-la todos os dias, porque sei agora que ela não resiste sem tempo e dedicação. E que de nada terá valido o investimento nesta reconstrução familiar e numa nova oportunidade ao Amor e à esperança, se for para voltar a perder-me do essencial: só consigo fazer os outros felizes quando me sinto feliz.
Bem sei que encontrar o equilíbrio entre o investimento na relação conjugal e nas outras todas que são relevantes para nós, é difícil. E arrisco dizer que se já é complicado nas famílias ditas "tradicionais", mais será nas recompostas. Os desafios diários para estas últimas, às quais agora pertenço, são imensos: a gestão da relação com ex-maridos/ex-mulheres e a inevitabilidade de partilharmos para sempre filhos em comum; a gestão da relação com a família alargada dos filhos, à qual já pertencemos e que tivemos de aprender a reposicionar na vida e no coração; a gestão da relação com amigos que eram comuns ao casamento que terminou e que, graças à sensatez de ambas as partes, se têm mantido de pedra e cal e que também é preciso "regar"; e a mais importante destas todas: a gestão da relação com os filhos, que já sentiram na pele e na alma a falência do casamento dos pais. Os mesmos filhos que só têm a ganhar com o sucesso desta reconstrução familiar, a bem do seu crescimento emocional e da fé inabalável em relações que funcionam, mesmo que para lá chegarem, tenham que fazer um caminho sinuoso. Será sempre menos penoso, se lhes for permitido acreditar no Amor.
Numa família, o casal tem precedência a bem da saúde de todos os que a constituem, e esquecer-me disto é voltar a cometer o mesmo erro. Já aprendi a lição.
8 comentários:
não podia concordar mais. vi muitos, demais, casamentos desmoronarem porque não foi investido o suficiente na relação. é difícil, exigente, mas quando se sabe para onde se quer ir, ou melhor ainda de onde se quer fugir trabalha-se para isso!
Tudo de bom (mesmo)
Só pelo título já concordo. Obrigada pela partilha e inspiração! :) Beijinhos
De pé pessoal, uma salva de palmas! Só a maturidade nos permite ousar a dizer tais verdades. Os filhos são importantes mas não são tudo. E este facto adquirimo-lo com tempo e experiência. Beijo grande. As maiores felicidades!
Bom dia,está coberta de razão, as maiores felicidades para todos.
Clap Clap Clap!
Fantástico Marta....mais uma vez!
Concordo e digo-o a cada momento e a quem quiser ouvir. E se não falar no casal, às vezes acontece, falo em mim, que venho primeiro. A minha saúde emocional é o pilar de toda a saúde emocional dos meus 3 filhos, e do meu novo casamento.
E o casal vem primeiro. Regar esta relação, este amor, é estar a cuidar da família.
:)
Beijo Marta.
Tão verdade, tão verdade que quem não concordar ou é tolo ou não sabe amar
sei bem o que é essa gestão de ex-maridos, famílias novas alargadas, avós emprestados dos nossos filhos, relações reconstruídas com filhos em comum e uma relação atual onde queremos que o erro não se repita.
e é tudo tão verdade <3
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