sábado, 18 de junho de 2016

Com quatro letrinhas apenas, se escreve a palavra "mama"

Foto: Juvenália Oliveira Fotografia
A falta de sono é o que dá cabo de mim. O Vicente mama de duas em duas horas pela madrugada fora, como um relógio suíço, e nem sempre adormece logo de seguida. As noites são praticamente passadas em claro, entre mamadas, mudança de fraldas, arrotos, cólicas e afins, numa sequência de horas interminável que me exasperaria há uns anos atrás, mas que agora se limita a cansar-me muito. De manhã, tenho a sorte de ter um marido que faz a casa e o resto da família mexer. Pequenos-almoços, idas ao supermercado, recados importantes, tudo o que tem de ser feito e que não consigo fazer, deitada mais um bocadinho, até à hora do Vicente voltar a mamar.
Em poucas semanas, voltei a transformar-me numa leitaria ambulante e tenho agora a certeza que o nome "mamã" deriva da palavra "mama". Para o meu filho mais novo, sou uma enorme mama de voz doce, a primeira que o alimenta e a segunda que o acalma. De resto, não existo, mas está tudo bem. 
Juro que tenho feito um esforço hercúleo para me manter à tona, tentando disfarçar a realidade paralela em que me sinto mergulhada. Visto-me "à civil" e maquilho-me todos os dias, contrariando a vontade enorme de me manter de pijama e de cara lavada o dia todo, não porque me sinta deprimida, mas porque estou realmente exausta. Sei de cor os músculos que preciso mexer para esboçar um sorriso a quem me visita, e vale-me o milagre das hormonas e dos 41 anos para ficar zen nos momentos mais stressantes. 
Estou funcional, isto é, faço o que tenho estritamente que fazer com a eficiência de um robôt: amamento, rio com os meus filhos, deito-os sempre que consigo, namoro com o meu marido, sou simpática com as visitas, atendo os telefonemas possíveis, tento manter o blog de forma regular, ajudo nas refeições sempre que não estou de mama de fora, sobrevivo. Mas se me perguntarem qual a minha máxima aspiração do momento, responderei que é dormir três horas seguidas, coisa que não faço há quase quatro semanas. Uma espécie de tortura do sono que me faz pairar num limbo entre o desespero e a felicidade suprema. Não sei se me entendem. Um estado de embriaguez que me permite viver isto tudo sem cair para o lado. Literalmente.
Fora isto, estou espectacular.

8 comentários:

Anónimo disse...

Olá Marta,
Tenho 40 anos e 3 filhos. Uma de 10 anos, um de 5 e uma pequena Victória com 7 meses.
E confesso que nos primeiros 4 meses também me senti assim. Era dar de mamar, pôr a arrotar, mudar a fralda, as cólicas, mimar os manos, a lida da casa......
Mas de cada vez que estava a começar a entrar em modo "quero fugir daqui" pensava logo de seguida que tinha de aproveitar TUDO pois esta iria ser com certeza a minha última bebé e sabia, por experiência, que estes meses passam a correr.
Ser mãe com esta idade fez-me encarar as coisas de uma forma mais serena.
Um beijinho bem grande para si!

Sónia Santos

Liliana disse...

Compreendo. Totalmente. O meu, primeiro e unico para ja, era igual: de noite mamava d 2em 2 horas. Qd eu terminava o ritual "mama dt-mama esq- arrota-muda fralda", estava ele pronto para mais uma ronda. Isto qd nao havia colicas e dorzinhas para acalmar pelo meio. Passadas quase cinco semanas, qd o pai começou a trabalhar, dormiu da meia noite às cinco, seguidinho! É claro q nessa noite quem nao dormiu fui eu, q tinha as mamas a rebentar :-P mas a partir dai começou a ficar mais saciado de noite. Havia noites q chorava. Toda a noite. Mas foi ficando mais calmo.
Quanto ao resto, a menina Marta tem bom gene e um bom génio, certamente, pois esta ainda mais linda e deslmbrante! É como diz a canção " ela é linda sem makeup..." :-) bjinhos e muitas, muitas felicidades***

Unknown disse...

Quando o meu filho nasceu estive praticamente 4 meses sem dormir e sem ajudas domésticas. Quando conseguia lavar os dentes já me sentia feliz. Neste período ainda passámos por um internamento de 2 semanas por suspeita de meningite. Um pesadelo....
Acho que nunca recuperei totalmente, mas já passaram 11 anos e quando olho para ele sei que fiz o melhor que conseguia naquele momento e ele é um miúdo super feliz.
Força Marta.
Beijinhos

AB disse...

O meu Vicente agora de 2 anos, mamou de 2 em horas ate aos 18 meses... Sei o que sente sobre o cansaço e sei o que sente sobre a maturidade de não stressar... Ainda hoje acorda para mamar e sempre que ando mais cansada, e quase sai um berro iiritado, penso: sou tão sortuda pelos filhos que tenho! Que privilégio. Força, apesar do cansaço, é o melhor do mundo! Beijinhos

Anónimo disse...

Força Marta!

E que continues com garra que te caracteriza...todos os dias !


Beijo

Procura dentro de ti disse...

Querida Marta! Muita força!

Um beijinho gigante.

:)

Anónimo disse...

Não vejo problema em não se maquilhar, é bonita de cara lavada.
Descanse bastante

K* disse...

Foi o sentir-me exactamente assim que me levou a enviar-lhe mensagem no IG...devia ter lido este post antes e ter-me-ia sentido mais tranquila!!