terça-feira, 3 de maio de 2016

34 semanas+2 dias [o estado da minha Nação]

Foto: Pau Storch

Estou grávida de 34 semanas e olhando para trás, esta terá sido a gravidez em que me senti melhor comigo própria. Não tenho problemas em dizer que foi, das quatro, aquela em que me senti mais bonita e mais funcional [apesar de ter ficado de baixa aos 6 meses], porque à excepção de dois dias quase imóvel, não precisei {ainda} de ficar em repouso absoluto, mas apenas de diminuir drasticamente o ritmo, coisa que tenho feito.
Esta terá sido, porventura, a única gravidez em que investi na minha imagem todos os dias, em que comprei roupa e em que continuei a pintar as unhas e a tratar do cabelo, tentando ceder à tentação de pensar que iriam ser "apenas" 9 meses e que não valeria a pena o investimento. Afinal, 9 meses é quase um ano de vida, tempo mais do que suficiente para arruinar qualquer auto-estima. Decidi que não iria arriscar desta vez, porque a mossa desse "jogo perigoso" imagino que seja pior aos 40 do que aos 20.
A partir de agora, contudo, confesso que entrei noutra fase, a última e a mais difícil. Olho-me ao espelho e apesar de me sentir a mais abençoada de todas as mulheres [ainda ontem comentava com o meu marido que, depois de quatro gravidezes, ainda acho isto tudo o maior milagre da natureza], começo a ver-me como um "trambolho com pernas", cuja única [embora muito meritória] tarefa seja a de deixar medrar dentro de mim o nosso bebé. Perdi agilidade, fôlego, capacidade de me mexer a um ritmo mínimo, os pés e as mãos triplicaram de tamanho, preciso de ajuda para me levantar, sentar e mudar de posição na cama, enfim, não me sinto mulher, mas apenas uma espécie de transportadora aérea a cumprir a sua missão com esmero.
Eu sei...vão dizer--me que é a fase mais bonita da vida, que é mesmo assim, que estou a chorar [literalmente] de barriga cheia, que isto e que aquilo e têm toda a razão. Acho isso tudo e continuo a sentir-me, apesar disto que vos digo, a mulher mais feliz do universo. Mas esse estado de felicidade e de gratidão divino não retira uma vírgula ao que vos disse, e não vos minto. Conto os dias para voltar a conseguir andar a um passo normal sem ter de me agarrar à barriga, para ser capaz de comer sentada,  e não esparramada, o tempo todo, para fazer amor sem parecer uma artista de circo em final de carreira, e para ser dona e senhora do meu corpo, sem me estar sempre a lembrar que não consigo isto ou aquilo. 
E quando "desovar", preparem-se, porque aqui chegará o desabafo de uma mulher que não voltará a este "estado de graça" nunca mais e que já sente saudades disto tudo. 
Olhem, aturem-me só mais um bocadinho, sim?...as hormonas são lixadas.
Obrigada.

6 comentários:

Cristina Pedro disse...

Com todo o gosto <3

Anónimo disse...

Sempre, é por isso e para isso que te sigo sempre Marta!

Anónimo disse...

É raro comentar mas venho cá todos os dias. A Marta está lindissima mas pode queixar-se à vontade até porque a gravidez é isso mesmo, um misto de sentimentos onde o choro e o riso estão tão proximos sempre.
Cá estaremos para a ler seja em que fase se encontre :-)
Ri-me muito com a descrição da artista de circo em final de carreira :-) é isso mesmo!
Beijinhos e tudo de bom

Procura dentro de ti disse...

Adoro ler-te.

A gravidez é isso mesmo....o riso e o choro andam de mãos dadas e ainda nos fintam!

:)

Marta, se não é indiscrição: foram partos normais todos? Ou cesarianas?

Beijinhos

Procura dentro de ti disse...

Adoro ler-te. Estás linda.

A gravidez é isso mesmo: o riso e o choro andam de mãos dadas e ainda nos fintam!

:)

Desculpa a indiscrição: os partos foram todos normais? Ou houve cesarianas?

Beijinhos.

Unknown disse...

Eu adoro aturar-te :-)

Gosto muito de ti e és uma inspiração para mim, continuo a dizer-te isto sempre, até hoje me arrependo daquela vez que te vi na Worten do Oeiras Park e de não te ter ido falar/conhecer pessoalmente por vergonha.....

Pode ser que para a próxima te veja a passear o carrinho do Vicente....

Bjos força está quase.....e olha que eu não tenho a coragem de ir ao quarto filho.