terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Será que Freud explica isto?

Insisto em não querer admiti-lo, mas confesso que as coisas que mais me irritam nos meus filhos são aquelas em que eles são mais parecidos comigo.
Senão vejamos:

A lentidão matinal do meu filho mais velho. Aquela recusa sistemática em sair da cama, em livrar-se do quente do endredão e em abrir os olhos. O tempo infinito que demora para comer um prato de Chocapic e a rabugice matinal. 

A cabeça no ar do meu filho do meio. Esquece-se de tudo, é capaz de começar a lavar os dentes com a escova do cabelo e a meio do caminho até ao quarto, já não sabe o que lá vai fazer. E a mania de teatralizar tudo, como se a vida à sua volta acontecesse sempre em cima de um palco.

A impaciência da minha filha. E o mimo. Tem que ser o centro das atenções, ou fica melindrada. Tem que ser elogiada, ou acha que ninguém gosta dela.

Estou escarrapachada em cada um destes traços dos meus filhos. Estou toda lá, entre as birras matinais, o mimo, a necessidade de fazer da vida uma peça de teatro e a cabeça nas nuvens.
Se isto me conforta? Nem por isso. Irrita-me mais ainda, que de cada vez que me zango com eles, estou a zangar-me comigo própria. Sem volta a dar.

6 comentários:

S.A. disse...

Como me revi neste texto.. e como me fez pensar...

Anónimo disse...

Marta, todas as Mães pensam isso! Não, nem todas as Mães pensam assim porque nem todas as Mães / mulheres têm tamanho auto-conhecimento de si, das suas emoções como a Marta tem... Incrível esse exercício. E se agora estivesse ao pé de mim, pagava-lhe um bolo de chocolate e dizia-lhe: "Marta, está num bom caminho. Agora que se conhece, que os conhece, ame-se a si própria; ama os teus filhos!". BEIJOS, M.

pés no sofá disse...

tal e qual Marta. sinto-me tal como tu. tudo o que me irrita mais no meu filho é da mãe. hehehe ;)

agora a sério, great post! :)

Ana disse...

E não é só nos filhos, é em todos os outros que nos rodeiam. É um bom exercício percebermos que as pessoas que mais nos irritam são muitas vezes precisamente aquelas que têm características iguais às nossas e que preferíamos não ter.

Dolce Far Niente disse...

Obrigada a todos pelos comentários! É muito bom saber que não sou a única a sentir isto :)

AMC disse...

Martinha, antes de mais, parabéns pelas tuas sentidas e sinceras palavras. Apesar de ser Pai e poder ver algumas coisas de outra forma, após uma rápida análise vejo que os meus António e Constança são tal e qual como o teu filho mais velho e a tua pipoca. Fantástica aproximação à realidade tal e qual como ela é. Eles são o que nós fomos e somos, e nós somos o que eles são.