terça-feira, 26 de junho de 2012

Em morte iminente

Tenho uma pessoa conhecida que passa a vida a dizer que lhe pode acontecer alguma coisa de grave no dia seguinte, e não ir trabalhar. E por isso, nunca se compromete.
Pode ser atropelada por um camião. Pode ter um acidente rodoviário. Pode ter uma congestão e cair para o lado. Pode sofrer um AVC e ir desta para melhor.
E neste imenso mundo das hipóteses, pode ser morta a tiro num beco qualquer, pode ser sugada pela sanita dos lavabos públicos, pode ser envenenada com uma folha de alface e ainda pode ser vítima de um tsunami na Costa da Caparica.
A esta pessoa minha conhecida, pode acontecer-lhe tudo.
E portanto, mais vale ser previdente e nunca se comprometer com nada, não vá o Diabo tecê-las.
Acho que o que ela ainda não percebeu, é que a morte espera-nos a todos. E pode chegar ali, ao virar da esquina, quando menos esperamos.
E pode dar-se o caso dessa minha pessoa conhecida estar enfiadinha em casa, com o seu pijama felpudo a acariciar o seu canito igualmente felpudo, e dar-lhe uma "travadinha" e cair para o lado. Porque, minha amiga, para morrer, basta mesmo só estar-se vivo.

Posto isto, quem não se compromete não vive.
E também não deixa viver.
Porque enquanto há quem se recuse a fazer tudo, sob pena de lhe poder dar uma sulipampa, há sempre quem faça o que ficou por fazer.
Cara amiga, se me permites, para de fingir que tens medo da morte iminente e mexe o rabiosque.
É que há mais quem queira gozar a vida.
E não necessariamente gozar com  a vida dos outros.

MM

5 comentários:

Outra Maria disse...

A tua amiga tem a mania da perseguição. Olha infelizmente a morte toca a todos, ninguem vai ficar para semente, Enfim!

Maria do Mundo disse...

Felizmente não tenho nenhuma amiga assim! Mas acho muito sábias as tuas palavras! Toca a mover o rabinho amiga!

Anónimo disse...

Olá Marta! Há pessoas que têm fobia da morte sim. Não sei se é o caso da tua "amiga" ou não mas posso garantir-te que eu própria já sofri desse mal e passei um muito mau bocado durante uns bons tempos. Até ataques de pánico tinha que me conduziam várias vezes ao hospital. Claro que tive que me tratar e se calhar é o que essa tua "amiga" precisa pq como tu própria dizes e bem e eu própria já senti na pele que isso não é viver.
Bjs
Cati

Dolce Far Niente disse...

Imagino que seja muito complicado, Cati. E respeito muito esse facto, bem como quem passa por esse sofrimento, que deve ser atroz.
Esta situação, contudo, é um pouco diferente e só por isso falei dela nestes termos.
Quem sofre como sofreste, tem o meu maior respeito.

Muitos beijinhos e obrigada pelo comentário.

Teresa disse...

Há cada uma!!!