domingo, 26 de novembro de 2017

Dos sinais [neste Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres]

Há uns anos tive um namorado que me levantou a mão porque ao servi-lo, deixei cair um bocado de comida na toalha de mesa. Achava eu que o amava perdidamente e acho que à minha maneira da altura, amava-o perdidamente, sim.
A mão levantada que não chegou a cair na minha cara mas que caiu definitivamente na minha alma, foi o gatilho para perceber que não poderia mais permanecer naquela relação que, aliás, já tinha dado sinais de pouca saúde. Sinais que até ali, até àquele exacto momento em que a sua mão quase desceu sobre mim, escolhia sempre esquecer.
É por causa desses sinais que escrevo este texto. Porque normalmente eles existem sempre, mas nem sempre escolhemos atendê-los, investidas que estamos num pretenso amor, numa pretensa culpa, num pretenso desamor próprio, numa pretensa esperança de que algo mude, numa pretensa ilusão que pode sair-nos cara. Demasiado cara.
Os sinais, aqueles mini acontecimentos a que escolhemos não dar importância mas que despertam o nosso instinto de auto-protecção, são o que nos pode salvar de um destino de merda. E seja por orgulho próprio, por medo, pelo que for, vale a pena escutá-los, acolhê-los e dar o salto. Dar o salto sempre. Por nós e por tudo aquilo que ainda merecemos viver.

1 comentário:

Anónimo disse...

A violência, seja em que tipo de relação for, não pode existir. A culpa não é de quem a prática, mas de quem permite que ela aconteça. Quem é violento é só um anormal, quem a sofre tem de saber acabar com ela, partir para a ruptura, seja quais forem as consequências.