segunda-feira, 6 de março de 2017

Voltar a estudar com 4 filhos [lucidez ou loucura?]



É já no dia 24 de Março que começa a minha Pós-Graduação em Mediação de Conflitos com Especialização em Mediação Familiar. Com uma carga horária de 220 horas, este será o meu grande desafio até ao final do ano (partindo do princípio que serei uma aluna aplicada!), a juntar a todos os outros desafios profissionais, pessoais e familiares que já tenho. 
Confesso-vos que hesitei no momento de me inscrever, porque tive medo de não conseguir dar conta do recado. Conheço-me e farei questão de me manter tão presente como até aqui na vida dos meus filhos e do meu marido, e sei que farei "das tripas coração" para preservar todas as nossas rotinas. Afinal, falamos de aulas quinzenais e apenas preciso de foco, planeamento e organização. Ainda assim, assusta-me voltar a estudar com este "pacote gigante" que trago às costas e no coração e receio desistir a meio ou falhar. 
Acontece que relativizei a coisa e lá me inscrevi. As aulas são só de quinze em quinze dias e não interferirão, tanto assim, na nossa rotina familiar. Para além disso, há oportunidades que não passam por nós duas vezes e aprendi com a minha mãe a importância de investirmos em nós, em qualquer fase da vida. Vi-a fazer uma licenciatura enquanto trabalhava e quando eu já era gente, e a lutar por um futuro que, mais tarde, veio a tornar-se decisivo quando se separou. Estudava até tarde, fazia trabalhos de grupo em nossa casa para poder estar comigo, transformou-se num "polvo" com braços para mim, para o meu pai, para o trabalho como professora, para dona-de-casa, para estudante...
Dessa fase da vida dela e da minha, não me ficaram as ausências, mas apenas o exemplo. E, por isso mesmo, listo o que quero deixar aos meus filhos com esta minha experiência: 
- Que nunca é tarde para fazermos o que quer que seja;
- Que é o trabalho e a perseverança que nos levam onde sonhámos;
- Que vamos sempre a tempo de aprender coisas novas e de mudar o rumo à nossa vida;
- Que o esforço compensa;
- Que as mulheres-mães têm tanto direito a cumprir-se como os homens-pais;
- Que a divisão de tarefas em casa e que a igualdade de direitos, não é dos livros, é da vida real.

[agora vou colar isto na porta do frigorífico e ler todos os dias, para matar a culpa que nasce agarrada às mulheres há muitos séculos e que nasceu agarrada a mim]

6 comentários:

Anónimo disse...

Eu tenho 46 anos e voltei a estudar. Não tem sido fácil porque é necessário conciliar um curso superior pós laboral com as tarefas diárias sobretudo quando não temos uma boa retaguarda. Não desisti e provavelmente não o farei. Pode não melhorar a minha vida futura mas pessoalmente está a ser gratificante.
Como a Marta diz também eu quero dar um exemplo de força de vontade aos meus filhos.

MMP disse...

Revejo-me tanto nas suas palavras...

A maternidade trás com ela uma culpa... culpa que não deviamos sentir mas sentimos. Sentimos sempre que fazemos algo mais que não seja Mulher-Mãe ou Mãe-Mulher.

Concordo consigo, temos de a combater!

A nossa vida tem mais vidas para além da vida de mãe.

beijinhos

Isabel disse...

Marta, concordo com tudo e assino por baixo.
Não cole no frigorifico porque aí geralmente coloca-se a lista das faltas na cozinha:) coloque antes num espelho ou parede qualquer de sua casa que goste preferencialmente...e já agora Marta (logo eu que tanto gosto da sua mudança e coragem em assumir os seus brancos) logo eu a pedir-lhe isto... POR FAVOR....tire esse turbante da cabeça. Não gosto nada, nada e faz-me lembrar a minha tia Alice quando vinha de "vacances". Não é que eu não gostasse da minha tia Alice mas aquele turbante....grrrrrrr

Lucinda Marques disse...

Marta, é preciso coragem mas vai conseguir.
Fiz uma pós-graduação aos 55 anos com os meus filhos já adultos. Também defendo a ideia de que nunca é tarde. Foi pós-laboral, dois semestres e 3 dias por semana das 7 às 11h. Além disso era necessário ler e estudar para os testes e fazer os trabalhos aos fins de semana. Foi muito trabalho mas não me queixo! O grupo de alunas ajudou muito (14 mulheres com idades diferentes, quase todas mães e a trabalhar!)foi muito bom e ficou uma amizade grande. E foi útil para a minha profissão.

beijinhos
Lucinda

Anónimo disse...

Olá Marta, também embarquei nessa aventura em setembro passado; terminará em Junho e obriga-me a ficar em Lisboa todas as semanas de sexta-feira para sábado (viver no interior tem disto). Não vou dizer que é fácil, mas também não é tarefa impossível se houver apoio familiar. O meu método para não desesperar é pensar por etapas: agora penso que é só até a Páscoa 😉. Boa sorte. OM

S* disse...

Muita força, é esse o espírito!!