quinta-feira, 16 de junho de 2016

Pai e padrasto

Foto: Pau Storch

Meu amor,

Apesar da exaustão em que te encontras nestas últimas semanas, vejo a forma como olhas o nosso bebé e leio o que se passa contigo: a incredulidade disto tudo, o mistério, o paradoxo do amor incondicional a descer sobre ti como uma maldição e uma benção. Sei exactamente onde estás, reconheço esse sentimento do caraças e dou-te o colo que precisares, o mesmo que me dás todos os dias.
Apesar desta avalanche de sentimentos, continuas a gerir com mestria o facto de seres padrasto de outros três milagres da tua vida. Mesmo quase sem dormir, levas e trazes os putos das actividades, preparas almoços e jantares {já que ao lado tens uma mulher zombie o dia todo}, rebolas no chão a brincar, fazes desenhos, tens conversas sérias, zangas-te sempre que é preciso, esforças-te por manter as rotinas do nosso "antes de Vicente", porque sei que precisas provar que nada mudou.
Por mais que tente perceber o reboliço de sentimentos que te enchem por estes dias, não estou na tua pele. Não sou madrasta de ninguém, "apenas" mãe de quatro, e não imagino o que seja gerir este tsunami de emoções em que te vês mergulhado. Sei que estás numa fase de adaptação às novas rotinas mas, mais que isso, de afinação de sentimentos, não porque diminuíste a capacidade de amar mas, ao contrário, porque o teu coração expandiu à bruta e é preciso reencontrares o equilíbrio.
Ainda não falámos sobre nada disto, porque não conseguimos. As mil e uma tarefas diárias e o cansaço extremo não deixaram. Mas se leres isto, quero que saibas que percebo exactamente onde estás. E que te adoro ainda mais.

7 comentários:

Magda disse...

Olá Marta,

Eu partilho tanto a sua experiência, o meu Rui (eu chamo-me Magda e o meu marido é Rui, coincidências lol) e eu tivemos uma bebé! Eu já tinha 2 filhos e ele já tinha 1 (que já é crescido e vive no Porto, pelo que só está com o pai de 15 em 15 dias e só eles para matarem muitas saudades), a nossa bebé veio exigir ao Rui ser um super padastro, que adora e ajuda imenso os enteados, e por outro lado está louco de amor pela nossa princesa, a menina no meio de 3 rapazes! são muitas emoções, misto de vontade de estar sozinho com ela e absorvê-la e querer estar disponível para mim, para nós.

Aquele tempo a dois, quando os meus filhos não estão, acabou, mudou. foi preenchido pela nossa bebé! é difícil encaixar todas as peças, sobretudo com calma, com respeito pelas necessidades e tempos de cada um!

é preciso amor, muito amor e compreensão...e para mim, uma boa noite de sono. à 8 meses que não durmo mais que 4 horas seguidas.

Um beijinho e obrigada por esta partilha :)

Anónimo disse...

Deviam dar mais valor aos bom-padrastos e boadrastas desta vida! Eu sou boadrasta e tenho um filho em comum com o meu marido e ele já tinha uma menina. Só digo que isto tudo é um turbilhão e às vezes embora pareça egoísmo, só quero ficar a 3! Apesar de adorar a minha enteada ;)

Anónimo disse...

Que bonito Marta! Muito emotivo adorei

Anónimo disse...

Que lindo Marta, tem sempre a capacidade de me emocionar e de me fazer sorrir para o ecrã :-) Obrigada. Que continue tudo a correr bem, já sabe que depois acalma um pouco ;) Beijinhos. Simone

Anónimo disse...

Marta,

Bonito de ser "ver" que no meio desse turbilhão de emoções e cansaço, consigas ver o Amor, sempre o Amor.


Beijinho

Anónimo disse...

Bom dia

Antes de tudo, muitos parabéns pelo Vicente. Que a vida lhe sorria sempre!

Depois tenho que dizer que a Marta escreve de uma forma que me emociona. Acabei de ler este texto com lágrimas nos olhos (e não é muito fácil isto acontecer!).

Deixo um grande beijinho e votos de muita felicidade. São uma familia muito bonita :)

Marlene disse...

Lágrimas de emoção ao ler as suas palavras!... Lindo!

Como costumo dizer o coração "aumentou" em vez de se dividir, pq temos - felizmente - a capacidade de nos multiplicarmos em amor, carinho, abraços e beijinhos.

Beijinhos e continuem a ser felizes!

Marlene