domingo, 24 de agosto de 2014

A contar os dias [Dexter, dás conta de mim!]

Os meus filhos mantêm-se a banhos noutras paragens e o meu gato, na sua ausência, mia todos as madrugadas a partir das cinco e meia da manhã. 
Não começa o pranto às cinco e trinta e cinco, e nem sequer às cinco e vinte, nada disso, que o bicho é de pontualidade inglesa. Às cinco e trinta, em ponto, inicia um choro fininho e enervante, que se nada fizermos se estende até às sete da manhã, hora da nossa alvorada.
Nos primeiros tempos tentámos ser altamente pedagógicos com o gato, como todos os pais de primeira viagem tentam ser. Achávamos que se miasse três madrugadas seguidas e que se nos fizéssemos de mortos, ele acabaria por desistir da brincadeira. Mas como não desiste, desistimos nós. E é vê-lo solto pelo nosso quarto madrugada fora, cantando e rindo pendurado a tudo o que lhe aparece, fazendo rolar uma treta qualquer que encontrou debaixo de um móvel, e ensaiando saltos kamikaze contra a porta de vidro, que nos meus sonhos mais sombrios {a privação de sono diaboliza-nos}, imagino que lhe causa morte súbita e indolor, deixando-me finalmente dormir nas poucas horas que me restam.
De maneiras que quando me perguntam como estão a ser estes quinze dias sem filhos, respondo que anseio pelas noites calmas que a presença deles me dá. Aquelas em que o meu gato finalmente descansa, sabendo que a equipa está completa.
Mas ainda faltam oito noites, meus amigos. Oito.


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