Não sei quanto custou o meu primeiro casamento, assim como não sei tanta coisa daquele tempo.
A vida fluía sem olhar de frente para ela e as decisões sucediam-se sem delas ter grande consciência, não porque fosse tonta, mas porque não me achava dona da minha própria existência. Não era timoneira de barco nenhum e entrava nas ondas desamparada, com uma boa dose de optimismo e de fé. O que me valeu durante tantos anos, afinal.
Não sei quanto custou o meu vestido de noiva nem a mantilha que levava na cabeça, não sei quanto foi o copo-d´água para perto de duzentas pessoas, não me lembro de quanto custou a lua de mel. Não admira, porque também nunca soube quanto pagava de água, nem de luz, e no supermercado não olhava a preços. Trazia o que achava precisar, sem grandes contas de cabeça e com quase nenhuma visão de futuro.
Não atribuo a culpa deste desleixo a ninguém, a não ser a mim própria. Havia casado e já era mãe, contudo {e apesar disso}, via-me ao espelho e continuava pendurada na menina a quem a vida sorria sempre, sem grande esforço. Nada me haveria de faltar, que a vida protege os despreocupados. Afinal, na minha bolha segura a vida era amável com quem fingia estar sempre tudo bem, e se fingisse com muita força, passaria sempre por entre a chuva. Incólume à dor e invisível a qualquer tipo de desgraça.
Passaram-se alguns anos e estou prestes a casar pela segunda vez.
Sei quanto custa o jantar que iremos oferecer à família e aos padrinhos, sei quanto custou o que irei vestir no dia {obrigada mãe, pela prenda que tanto jeito me deu}, e estou bem ciente do que custará a viagem que gostaríamos de fazer e que ainda não sabemos se faremos, exactamente por saber de cor o que nos sai do bolso.
Sei quanto pago de água, luz e gás, de IMI e de condomínio, de esgotos e de seguro do carro.
Sei tudo desta vez, e não me esquivo a nada, porque aprendi a duras penas que a vida não é amável com quem não se preocupa. Ao contrário, é intransigente com quem finge ser tonto para evitar confrontos com a realidade.
E também sei que terei o meu casamento de sonho.
Porque, apesar de tudo, ele não depende de quanto custa, mas de quanto vale.
17 comentários:
Meu Deus, grande texto. Grande, grande texto. Admiro-te tanto
Texto fabuloso. Não estou quase a casar-me pela segunda vez. Mas identifico-me com os teus dois estados.
Muito lindo.
A verdade pura e dura para tantas meninas - mulheres!
Lindo. Antes frio e quente, que morno :)
O amor vale tudo, o resto sao detalhes...
E que seja o começo de uma época ainda mais feliz!
Beijinhos Marta.
É tão bom ler as suas palavras e sentir-me reflectida em parte delas... Muitas, muitas felicidades! Tudo de bom, Marta! Este texto está especialmente "delicioso"!! :)
Beijinhos
É tão bom ler as suas palavras e sentir-me reflectida em parte delas... Muitas, muitas felicidades! Tudo de bom, Marta! Este texto está especialmente "delicioso"!! :)
Beijinhos
bem verdade! que sejas muito feliz todos os dias com um amor que vale a pena! felicidades!!!
transborda num misto de coisas boas todas estas palavras juntas
(LINDO!)
Bom Dia
Que lindo texto, desejo muitassss
Felicidades!
Texto bonito Marta! Bjs
Texto bonito Marta! Bjs
Amei! Tudo! A vida não é mesmo "doce" com quem se esquiva mas ainda assim, quando uma porta se fecha, sempre se abre uma janela! Felicidades! E há "coisas" que não tem mesmo preço!
Tão verdade. Parabéns pelo post!
E são estas palavras que me fazem admirar tanto a pessoa que és. Obrigada!
Enviar um comentário