Às vezes o sacana do corpo de dor aparece.
Vem do nada, devagarinho, sem se dar por ele. Aparece em forma de peixe miúdo e quase dá vontade de rir de tão ridiculamente pequeno que é, mas sem darmos conta, agiganta-se em nós e na nossa vida, e ganha espaço.
Por mais velha que vá sendo, o tipo apanha-me sempre de surpresa. E sempre pelas costas, à má fila. Apresenta-se delicodoce e normalmente mascarado de coisa pouco importante, para depois dar o beijo da morte, como quem oferece uma coisa boa. Mortalmente boa.
E é só quando o corpo de dor chega muito perto, que lhe sinto o cheiro e o travo ácidos. E percebo que a sua presença é irremediável, tanto quanto ter de travar uma batalha invisível para todos, mas sangrenta para mim.
Ganho sempre, mas o sacana não aprende.
4 comentários:
(...) normalmente mascarado de coisa pouco importante, para depois dar o beijo da morte (...)
Eu [só] posso estar-lhe grata pelo que escreveu. O "sacana" também por aqui deambula. E hoje, ao lê-a, verbalizo o que muitas vezes me vai cá dentro: " não te metas comigo meu menino que eu posso contigo e muito mais."
Obrigada.[Muito]obrigada.
Olá, Marta
Roubei o "sacana" para o meu blogue...
Aguardo que alguém passe a outro e não ao mesmo.
Bjs, Marta
http://historias-contadas.blogs.sapo.pt/recomecar-93972
Querida Marta, agora é que vi!! :)
Muito obrigada pela referência e boas (excelentes) vitórias :)
Lili, espero que esse "corpo de dor" já tenha desaparecido :)
Muitos beijinhos!
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