segunda-feira, 25 de junho de 2012

Aos meus amigos do peito

Acho que sou uma tipa porreira, mas {aparentemente} desligada dos amigos.
Sempre fui.
Ao longo destes quase 38 anos de existência, tenho tido o privilégio de conhecer gente maravilhosa. E alguma dessa gente {não muita, porque isto dos amigos a sério não é para todos}, tornou-se minha amiga do peito. Pessoas com quem adoro passar tempo, pessoas que me fazem rir às gargalhas ou que me comovem a sério, às vezes sem darem conta sequer.
Mas a verdade, é que não cultivo o hábito de lhes ligar frequentemente. Nem de convidar para estarmos juntos como gostaria.
Morro de saudades {mesmo!}, mas a rotina do dia-a-dia engole-me de tal maneira, que nem sempre me sobra força anímica para regar as amizades como devem ser regadas. E para as mimar como devem ser mimadas.
Apesar disto, considero-me uma mulher muito sortuda. Porque mesmo com esta minha aparente distância, tenho os amigos comigo, sempre que chamo por eles. E este facto comove-me e entristece-me ao mesmo tempo porque, mais uma vez, sou egoísta sempre que lhes peço um ombro, e eles altruístas sempre que me entregam o ombro, a mão, o pé e o coração nos meus apertos, esperando pouco em troca.
É por tudo isto que neste novo ano que se avizinha {que contabilizo sempre a partir da data do meu aniversário}, quero fazer mudanças na forma de amar os meus amigos do peito.
Não quero mais que adivinhem as saudades que lhes tenho nem a falta que me fazem.
Não quero mais ouvir que não lhes ligo nenhuma e que sou uma amiga da onça, mas que gostam de mim na mesma. Não quero.
Quero retribuir-lhes o que me têm dado em dobro, e mostrar-lhes que sei estar presente, mesmo quando já não me esperam.
E quero ultrapassar esta minha mania de achar que vou incomodar. Que mais vale não convidar para isto ou para aquilo, porque já podem ter outros planos. Que talvez a casa não esteja tão arrumada como eu gostaria que estivesse. Que talvez não cozinhe tão bem como merecem. Que, que, que.
Porque os amigos do peito não ligam a nenhum destes disparates.
Os amigos do peito ligam aos telefonemas que não faço, aos aniversários de que me esqueço, e aos momentos que não partilhamos.
E o resto, não interessa mesmo nada.

MM


5 comentários:

Maria do Mundo disse...

Muito bem! Eu sou do género dos teus amigos do peito. Acho que sou responsável por todos aqueles que cativo e que a amizade (tal como o amor) tem que ser alimentada por gestos, por demosntrações. Não significa que não tenha amigos do peito a quem estou meses sem ligar ou vice versa, mas nos melhores ou nos piores momentos tento sempre estar presente para celbrar ou para chorar com eles!

Anónimo disse...

Nem sempre a vida permite estar presente no dia a dia dos amigos do peito. Mas concordo e considero que sou responsável por todos aqueles que cativo e que a amizade (tal como o amor) tem que ser alimentada por gestos, por demonstrações. Eles sabem que estou aqui para o que dêr e vier.Essa de sentir saudades e não querer incomodar , vejo ainda muito isso na parte dos outros, mas eu não me sinto assim. Antes talvez..mas deixei de me preocupar se não tiver as coisas devidamente arrumadas para os receber,cada da vez gosto mais de viver ao sabor dos acontecimentos nem nada planeado e que bom é receber amigos do peito sem nada contar nesse dia!! Que bom!!..:). Acho que fazes bem em estar mais presente quando menos te esperam .Vais ver sabe bem!Os amigos do peito desculparão tudo o que não fizeste e saborearão os telefonemas que farás e todos os momentos que partilhares, que interessa o cozinhado mal apurado!! A vida é curta para desperdiçar tempo!!
ME

Marta Anico disse...

Este ano novo fiz um propósito parecido. Esta nova vida de nómada em terra de ninguém torna muito fácil a desculpa da distância para os que estão em Madrid ou das chamadas internacionais para os que ficaram em Lisboa. (E não me venham cá com o skype que sou uma jurássica e falar com eco não é para mim, lol). Mas ainda assim decidi telefonar mais, escrever mais, esforçar-me mais por estar presente, mesmo sabendo que os amigos do peito estamos aí de forma incondicional, mesmo que passem meses sem falarmos. Ainda assim, temos que ir regando essa flor delicada para continuar a crescer e deliciar-nos com a sua beleza. Espero estar a conseguir...
Bj

Dolce Far Niente disse...

Obrigada por todos os comentários. Estou verdadeiramente investida nisto, porque a vida não volta para trás e há que fazê-lo agora.

Um grande beijinho,

(Marta, um especial para ti, que quero rever quando vieres a Lisboa!)

Teresa disse...

Que bom saber que não sou a única.
Não saberia descrever tão bem o que se passa comigo e os amigos.
obrigada