domingo, 2 de outubro de 2011

Puzzles e outros Jogos

Acabei de chegar da minha aula de Total Condicionamento.
São 45 minutos de puro sofrimento, a trabalhar músculos que já não me lembrava que tinha, a forçar abdominais, glúteos e outras partes moles (no meu caso), e a rogar pragas silenciosas à professora fit e sempre fresca, que ainda se dá ao luxo de cantarolar, quando me sinto a caminho do corredor da morte.E do vómito.
No decorrer da aula que não acaba nunca, pergunto-me infinitas vezes sobre a razão de ali continuar. Não gosto da música, não interajo com as parceiras de sacrifício, e não vejo prazer na cara de ninguém.
Saio a cambalear, de pernas a tremer do esforço, e dou graças a Deus pelos balneários serem no mesmo piso do Estúdio, porque não conseguiria subir nem mais um lance de escadas.

Mas é quando me sento 2 minutos junto ao cacifo, que tudo começa a fazer sentido.
Gosto da sensação que o exercício físico deixa no meu corpo e na minha mente.
Gosto do esvaziamento mental que permanece algumas horas.
Gosto do corpo dorido, que me lembra as centenas de horas que entreguei, na minha infância, à Ginástica Rítmica. E das lágrimas que chorei, mas que me fizeram crescer.
Gosto do sentimento de dever cumprido, porque ao fim de 10 anos consigo, finalmente, voltar a mexer-me. Sozinha. Sem crianças à volta.
E gosto de me manter fiel à decisão de voltar a mexer-me.
Gosto de não desistir por exaustão, por preguiça, ou por mil desculpas que fariam todo o sentido, mas que representariam um retrocesso neste caminho que me dispus a percorrer, e do qual não me arrependo. Nem por um segundo.
Juntando as peças do puzzle, tudo faz sentido. E mesmo que não faça para mais ninguém, faz para mim. A dona deste jogo.
É que parece aliciante a tentação de jogar dentro da vida dos outros. Assusta menos, arrisca-se menos...é fácil viver uma vida inteira à sombra da vida dos outros.
Mas o vazio instala-se. Porque a Vida é uma dádiva única e intransmissível. E não há nada a fazer. É responsabilidade de cada um, jogá-la.
E ganhar, às vezes.
E perder, às vezes.
E viver, sempre.


MM