domingo, 24 de julho de 2011

Ciclos

O meu filho mais velho entrou, oficialmente, no período da pré-adolescência. Digo "pré-adolescência" porque ainda só tem 9 anos e seria um bocadinho prematuro dizer que já está na "idade do armário", mas anda lá muito perto...
Regressado do Algarve e com saudades do quarto que partilha com o irmão, tem passado o dia fechado por lá, com a música aos altos berros e de janela aberta...recordam-se disto? Também me pediu uma caixa para guardar alguns pertences pessoais e intransmissíveis, e apressou-se a escrever uma folha que quer pendurar à entrada do quarto, com a mensagem "Bata à porta". Já não acha grande graça às brincadeiras dos irmãos mais novos e surpreendo-o, muitas vezes, com aquele ar de quem acha todos aqueles príncipes, brancas-de-neve e afins, um bocado ridículos.
É docemente angustiante esta sensação de testemunharmos o crescimento dos nossos filhos, a cada dia que passa. Por mais presentes que estejamos, há um dia em que olhamos melhor, e o nosso menino já não está lá. As expressões mudaram, a fisionomia mas, mais que isso, a maneira de estar e de ver o que o rodeia. É também o momento em que (eu, pelo menos), rezo para que lhe tenha dado o que era suposto dar: Amor para se sentir querido, sempre; capacidade de discernimento perante as dúvidas da vida; sensatez nas encruzilhadas;  segurança e esperança nos momentos mais escuros; vontade de levantar voo e de ir mais longe; fé no Mundo e em Deus, e uma certa dose de loucura saudável para, sempre que seja preciso, pôr em perspectiva e não se levar, nem aos outros, demasiado a sério.

Acho que é isto.

MM