sábado, 20 de janeiro de 2018

A minha liberdade rima com identidade. E a vossa?


Há 12 meses que não pinto o cabelo. Durante este período fiz três cortes radicais para facilitar a transição e criei o grupo Mulheres de Prata para me sentir menos sozinha nesta jornada.
Hoje, passado um ano, vejo isto de outra maneira. O grupo transformou-se numa comunidade já com mais de 3000 mulheres, e muito para além de ser um espaço de mulheres a assumirem os seus cabelos brancos, é uma oportunidade, o mote, o que lhe quisermos chamar, para nos libertarmos de algumas imposições sociais e vivermos as mudanças que vão acontecendo à nossa imagem, de forma natural.
Hoje olhei-me ao espelho e percebi que estou muito mais "branca" do que há pouco tempo atrás. A ausência de tintas permite esta coisa bonita de vermos o tempo a passar gradualmente, sem dramas, como tem de ser. E haverá fenómeno mais libertador do que este? Esta capacidade de olhar o tempo com as lentes da beleza e sem angústia?
Não é preciso deixar de pintar o cabelo para atingirmos um certo grau de liberdade; ele consegue-se de muitas maneiras possíveis. Mas parar esta busca é morrer aos bocadinhos; privarmo-nos do exercício diário de arrancarmos amarras pequeninas é porta de entrada para muitos vírus que nos enfraquecem sem darmos conta.
Só vos peço uma coisa: descubram as vossas estratégias de liberdade e ponham-nas em prática. Vão a um sítio que nunca foram, façam o caminho de casa por uma estrada por que nunca passaram, tomem um banho de mar à noite, pisem relva molhada, dêem um grito quando alguém menos espera, um abraço quando alguém menos espera, digam "amo-te" e "odeio-te" se preciso for, rapem o cabelo ou deixem-no crescer até ao rabo, usem batom vermelho ou decidam que não querem mais maquilhar-se. Caramba, façam o que vos apetece de vez em quando, só porque sim. Só vivemos uma vez.

15 comentários:

Anónimo disse...

Marta concordo com tudo, mas a realidade é que a Marta parece muito mais velha e sem brilho...

Dolce Far Niente disse...

Nunca disse que parecia mais nova. Apenas que me sinto melhor.

Anónimo disse...

Sem brilho??? Até me esforço para ver alguma coisa menos positiva nesta Marta, mas não consigo mesmo... É linda, está linda e transpira felicidade!

Anónimo disse...

Pois eu acho a Marta linda! A magreza fica lhe bem! O sorriso e maravilhoso! Gostava de saber se consegue manter esse sorriso grande parte do seu dia! Ou se e algo que faz mais para a fotografia que na vida normal! Pq e mesmo bonito!

Anónimo disse...

Agora é in dizer que se gosta de parecer mais velha daquilo que se é na realidade. Enfim...

Carla Marialva disse...

Porque há pessoas que confundem a escolha de pratear com acharmos q ficamos mais bonitas ou mais novas ou mais sei lá oq? Escolhemos pratear porque para quem o faz isso significa libertação e aceitação do eu verdadeiro. Aceitação e descoberta, ponto final. Cada ser humano chega lá da sua maneira, se tiver a sorte (ou tomates) de o fazer nesta vida. E o parecer mais nova, velha, linda ou feia está nos olhos de quem vê, aos nossos olhos só vemos quem realmente somos e queremos ser para todos os dias q nos restam. Por norma quem mais se incomoda é quem mais precisa de aceitação e gavetas por fechar. A dica da Marta no post é preciosa, encontrem todos os vossos caminhos e sigam 💜

Té o Café disse...

Sem brilho? Até acho que lhe dar um ar super sofisticado, está mais bonita ainda!

Anónimo disse...

Impossicao social?! Deixemos de desculpa, pintamos porque ninguem gosta de ter cabelo branco, porque geralmente nos dao um ar mais envelhecido, simples assim, e' um consenso geral isso, mas no fim das contas pintamos porque assim queremos, nao porque a sociedade ou quem seja nos imponha isso. Eu sou dona de mim e de minhas decisoes. Se quero pintar, pinto, se nao, nao pinto e dane-se o resto, o mesmo que por sinal estas tu a fazer agora. E' isso!

Ana disse...

Podia era no "antes" por uma foto mais gira,que pelo que tem mostrado, tem bem giras!Cada um faz o que quer,mas dizerem que está melhor,para mim não está, está magra demais,e o corte de cabelo a meu ver é muito "in",não a favorece!É o meu ponto de vista,sincero. aMShttps://www.dn.pt/pessoas/interior/atrizes-de-hollywood-o-tempo-de-woody-allen-acabou-9053833.htmlS não a favorece!

nat. disse...

Um ano depois vamos pratendo 🧓
obrigada pela inspiração e por ter criado o grupo no fb... é mais fácil mantermos as nossas convicções quando vemos que não estamos sozinhas...
beijinhos

Ana Filipa Oliveira disse...

Olá, Marta!
Passado tanto tempo, volto aqui. Não a conheço pessoalmente, mas muitas vezes dou por mim a pensar na Marta... gosto da maneira simples que se apresenta. Essa simplicidade é, por vezes, tão difícil de encontrar do modo sofisticado que a Marta tem. Ser simples não é fácil, mesmo que muitos pensem que sim. E simples gestos como os que a Marta descreve, em alguns casos assemelham-se a montanhas enormes a escalar.
Estou numa fase de reencontrar-me comigo mesma e de viver essa liberdade. Quero viver aquilo que sou! Ao contrário da Marta, e isso não tem mal nenhum, decidi disfarçar os meus brancos com madeixas. Cada um tem o seu processo, como a Marta sublinha no seu texto. Não é um processo fácil, pois a nossa mente é um campo de batalha, e nem sempre nos damos conta dos seus golpes. Mas em 2017 comecei a caminhada para a "melhor versão de mim mesma" e na frente caminham os valores autenticidade e liberdade.
Que possamos ser mulheres vencedoras! Não em competição umas com as outras, mas connosco mesmas!
(Quase que oiço algumas vozes: não é batalha, nem competição, mas aceitação, o caminho!!!!)
Obrigada, Marta, por partilhar connosco as suas conquistas. E levar-nos a desbloquear alguns bloqueios.

. margarida . disse...

Marta,
Acompanho-a regularmente.
Nunca comentei.
Mas hoje,depois de transcrever este seu texto( espero que não fique aborrecida....)para o reler muitas vezes,em papel,numa agenda,e porque o achei
lindo e verdadeiro,ousei dar algum feed back.
Foi escrito com o coração.
E isso é qb.
Grata por deixar pistas, preciosas, na descoberta dos caminhos que cada um achar que são os mais adequados.

Obrigado.Felicidades.

( ...e by the way,o comentário da Carla está....TOP! )

macaca grava-por-cima disse...

a minha resposta, aqui: https://macaquinhasnosotao.blogspot.pt/2018/01/marta.html

Francisco o Pensador disse...

Liberdade sim, é exactamente essa a palavra certa. A sua postura tão corajosa, decidida e determinada, faz-me lembrar o teor de algo que escrevi recentemente no meu blog quando criticaram a filha da Madonna por ter publicado uma foto na qual mostra o seu gosto por usar pêlos nas axilas. Nesse post defendi que a mulher tinha que se libertar dos preconceitos e das amarras sociais e assumir de uma vez por todas a sua liberdade em vez de continuar a fingir que é livre.
Vale a pena dar uma espreitadela...

https://trollitadas.blogspot.pt/2018/01/a-beleza-de-ser-livree-mulher.html

Anónimo disse...

Olá Marta. Li a reportagem da Activa e adorei. Tenho 44 anos e, tal como a Marta, deixei de pintar o cabelo há 1 ano. Também fiz 3 cortes radicais para tirar todos os estragos do meu cabelo. Hoje olho para o espelho e adoro o que vejo. Quem esteve este tempo sem me ver, e se cruzou comigo recentemente, perguntou: onde fizeste essas madeixas tão perfeitas? Eu apenas respondi: não fiz...apenas deixei de pintar o cabelo 😀. Parabéns e continue assim.