segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Ninguém disse que a felicidade é uma linha recta!

Ontem à noite, enquanto se preparava para ir para a cama, a minha filha dizia ao Rui que teve quatro momentos na vida em que sentiu aquela ansiedade boa da felicidade: o nosso casamento, o seu aniversário dos 9 anos, o nascimento do Vicente e o casamento do pai, que irá acontecer daqui a poucos dias.
Ouço isto e penso como a vida dá voltas e como, tantas vezes, só lhes percebemos o sentido à luz de alguma distância.
Há seis anos, quando me separava do pai dos meus três filhos, cheia de culpa e de medo do que a minha decisão pudesse vir a significar para cada um deles, estava muito longe de imaginar que os melhores momentos da vida da minha filha aos nove anos, fossem exactamente aqueles que nasceram do passo arriscado que dei.
Recuso-me a advogar o divórcio como a solução para todos os males, porque não sou tola e porque sei como dói a todos os envolvidos. Ninguém escapa ileso a uma mudança que obriga ambas as partes a começar de novo, sendo certo que os recomeços deste género só são românticos nos filmes. Na vida real, trazem lágrimas, contas para pagar, incertezas, incompreensão de muita gente, medo de falhar irremediavelmente e pânico de falhar com os filhos.
E é por isto, que ouvir a minha filha falar dos seus melhores momentos me dá a única certeza de que preciso:  a felicidade dos filhos faz-se na justa medida da felicidade dos pais. E o caminho, lamentavelmente, nem sempre é em linha recta.

3 comentários:

Joana Carvalho disse...

Obrigada por escrever isto para mim: «medo de falhar irremediavelmente e pânico de falhar com os filhos». Esta entrou-me como uma luva....

Estou a dar passinhos muito pequeninos e ligeiros a refazer a minha vida e este post deu-me uma garra do caraças.

Obrigada!

Beijinho,
Joana (do Clio azul)

Susana Silva disse...

Marta, é a primeira vez que comento o seu blog. Desde já agradeço do fundo do coração por ele existir, por a Marta existir, por dar voz a tanta coisa que não se consegue verbalizar, seja por medo, preconceito e tantas outras coisas.
Não é só este post que me assenta como uma luva, são tantos que já escreveu e que me estão a ajudar a ligar as peças para finalizar um puzzle com tantas e tantas voltas...assim escrito parece esquisito, mas é assim que o sinto..
Beijinho e obrigada
S

Portuguesinha disse...

Belo texto.
Procurar a felicidade e abandonar o que nao resulta só pode trazer mais-valias para os filhos. ainda que gere sofrimento e medos. Nada na vida os tem ausentes.