domingo, 27 de novembro de 2016

À conversa sobre o desafio dos recomeços...


Ontem fui falar sobre "famílias recompostas" no Festival Cogito, em Oeiras.
Foram várias semanas a dormir (mal) sobre o assunto, porque sabia que iria ter uma audiência de peso e que o tema não era fácil. Na verdade, a proximidade que temos a certos temas faz com que seja mais difícil falarmos sobre eles para tanta gente, porque vem a emoção e uma mistura de sentimentos que não sabemos se conseguimos controlar em cima de um palco, sem rede. Minto, tinha à minha frente a melhor rede de todas: o meu marido e o meu bebé, e as minhas duas Carlas Rochas, amigas de todas as horas, rochedos de todas os momentos. Se me falhasse a voz, se torcesse um pé, se tivesse uma branca, tenho a certeza que saltariam para o palco para me amparar e, se preciso fosse, falariam por mim. Fariam qualquer coisa por mim, e se esta não é a melhor rede de todas, qual será?
A verdade, é que não foi preciso. Respirei fundo muitas vezes antes de ouvir o meu nome, repeti a mim própria que a minha morte não estava escrita para acontecer em frente a 300 pessoas e avancei. 
Para além da morte súbita, tive medo de perder o fôlego e de me faltar o ar ao longo dos 18 minutos que me estavam destinados, mas também isso não aconteceu. Afinal, estava ali a partilhar parte da minha história, e mais ninguém conseguiria contá-la como eu. 
Passados dois segundos, esqueci os medos e limitei-me a fazer a única coisa que ninguém sabe fazer por mim: ser eu própria. E embora esse facto não tenha tornado a coisa mais fácil, tornou-a autêntica. É o que me basta.

3 comentários:

Bailarina disse...

Eu acho que o todos procuramos, a maioria vá, autenticidade, é isso que nos agarra, que nos faz acompanhar. Já passou e pelos vistos foi bom! Parabéns

Monteiro disse...

Just beautiful. Obrigada.





























Anónimo disse...

Eu estive lá e adorei