Com a chegada do mano, a família dos meus três filhos mais velhos voltou a mudar. Os últimos anos têm sido, aliás, especialistas em mudanças para aquela malta pequena: o divórcio dos pais e as alterações inerentes, a chegada de um padrasto às suas vidas diárias, o nascimento do Vicente. Apesar disto, vejo-os resolvidos com a vida que têm. Encaram a família alargada como uma sorte extra e usufruem desta sua realidade com a naturalidade de quem não tem gente a complicar à volta.
Sei, no entanto, que a arte de descomplicar a vida dá trabalho. É preciso que os adultos ganhem a perspectiva necessária, que valorizem, de facto, o interesse superior das crianças, e que o defendam com unhas e dentes acima de todos os conflitos, de todos os orgulhos feridos e de toda a tristeza inerente. E isso nem sempre é fácil, mas é possível. Como? Respeitando os milagres que o tempo opera e, no entretanto, evitando guerras desnecessárias, mesmo que isso implique engolir alguns sapos. Acredito mesmo que aprender a escolher as batalhas que travamos é uma arte preciosa na gestão de conflitos, e que vale a pena investir no seu domínio.
O confronto com a mudança nas crianças é, no entanto, sempre delicado e é preciso estarmos atentos a alguns sinais: alterações de comportamento em casa e na escola, alheamento, tristeza e/ou sentimentos de revolta, perturbações do apetite e do sono, entre outros. Foi o que fizemos desde o momento zero deste já longo processo - o dia em que os meus filhos souberam que os pais se iriam separar, e é o que vamos fazendo até hoje, numa gestão atenta e reforçada, sempre que alguma mudança maior acontece. E não deverá sempre sempre assim, afinal?
O mano Vicente foi a mais recente reviravolta nas suas vidas e, mais uma vez, o Amor voltou a ganhar espaço e a sobrepor-se a todos os receios. E esse milagre é, por si só, um dos maiores da minha existência.
5 comentários:
Parabéns Marta pelas palavras que definem tão bem o que se passa, concordo em absoluto e faço o meu esforço diário para, também por aqui, as coisas serem assim.
Beijinhos.
Olá, eu tenho uma situação semelhante. A unica coisa que me doi é quando vão para o pai e eu fico com a bebé. Eles estão bem com o tema, até porque têm uma irmã bebé do outro lado também. Mas eu é que fico sempre com uma culpa, sei lá, aquela dorzinha na alma!
Não percebo..quanto mais perfeitas vcs parecem mais rapidamente levaram com os pés do primeiro marido... lolol
Anónimo
a mediocridade fica-lhe mal, sabia?
anónimo das 21:41
eles é que foram deixados, deve ser mais isso...
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