terça-feira, 17 de maio de 2016

Amamentar ou não em público [mas isso ainda se pergunta?]


Foto: Melina Nastazia Photography


Amamentei os meus três filhos em exclusivo até aos seis meses e, depois disso, até aos oito, altura em que fui ficando com menos leite com o regresso ao trabalho, e em que achei que já tinha feito a minha parte. Nunca me passou pela cabeça não amamentar, porque sempre achei que era o caminho natural e, sem dúvida, o mais cómodo e o mais económico, mas  como ponto prévio, dizer-vos que não me faz nenhuma espécie as mães que não amamentam por alguma razão. Ninguém tem o direito de criticar aquelas que são as decisões ou circunstâncias de vida dos outros, simplesmente porque não estamos na pele do outro.
No que me diz respeito, das três vezes que amamentei, fi-lo em qualquer lugar, sempre que era necessário, isto é, sempre que o meu bebé tinha fome, e confesso-vos que nunca me passou pela cabeça deixá-lo esfomeado, apenas porque o local não era "próprio", ou porque poderia ferir a sensibilidade de alguém. 
Não sou fundamentalista em nada na vida e nisto da amamentação também não, mas se decidimos que é através do nosso corpo que alimentamos o nosso bebé, temos que ter a coragem de o fazer onde e quando necessário, sem medo de recriminações nem de falsos moralismos. Afinal {e que nunca ninguém se esqueça disto}, eu não decido expor a minha mama porque sim, mas porque ela é a fonte de alimento do meu bebé. Ponto final. A forma como os outros olham para ela - como fonte de alimento, de desejo ou como vergonha alheia - é um problema que já não me pertence, como não me pertence a forma como alguém olha para as minhas pernas se usar mini-saia ou saia travada, ou para o meu pescoço nu, se alguém tiver um qualquer fetiche com pescoços. Não faço ideia e, com franqueza, não quero saber.
Desconcerta-me que em pleno século XXI, e com tudo o que cientificamente se sabe acerca dos benefícios da amamentação, ainda se continue a colocar a questão da amamentação em público, simplesmente porque não concebo a ideia de ter de ficar reclusa dentro de casa, escondida de todos, porque estão a ser horas de dar de mamar {coisa que nos primeiros tempos é muito frequente e nem sempre regular}, e não é "adequado" fazê-lo publicamente.
Com isto não quero dizer que não haja o recato possível, em função dos diversos contextos. Se estiver num local que tenha um espaço próprio para amamentar, é lá que estarei. Também não me vejo a fazê-lo no meio de uma multidão {principalmente, para sossego do meu bebé e de mim própria}, pelo que optarei sempre por um recanto  resguardado. E utilizarei uma fralda de pano {é para isso que elas me servem}, para tapar o que conseguir. Mas não me peçam para ir para a casa-de-banho de um restaurante alimentar o meu filho, nem para deixar a criança chorar até chegar a um lugar "adequado". A satisfação da necessidade vital do meu bebé está à distância de um mamilo que se descobre momentaneamente, e acho que podemos todos viver com isso, ou será que não?
Em jeito de síntese, dizer-vos que me chateia quem se incomoda com este direito que os bebés e as mães que amamentam têm, de viver um processo natural em liberdade. Uma hipocrisia moral que, com a miséria humana que se vai vendo por aí, me causa uma espécie de urticária.

[quem quiser saber mais sobre o trabalho da autora da fotografia acima,  espreite AQUI e AQUI]

2 comentários:

Anónimo disse...

A imagem acima é horrível..ambas as minhas filhas foram amamentadas 6 meses em exclusividade e até aos 18 m e 2 anos...amamentei em lugares públicos quase sempre..e nunca ninguém me viu as mamas nem as minhas filhas a comer pq eu felizmente tenho mantas e educação suficiente..pq sinceramente essas imagens expostas são vulgares e é só a maneira q mta gente arranja de dizer q faz melhor q as outras mães q não amamentam como disse e bem por motivos q só a elas dizem respeito..
e claro q há aquelas q vivem de mostrar o corpo por mto q inventem motivos nobres para o fazer, mas vai td bater ao mesmo.. n conseguem é se destacar de outra maneira

Bailarina disse...

Para mim é-me igual que alguém, na sua liberdade, opte por amamentar em publico de mama ao léu, ou tapada com uma fralda.
Eu nunca me consegui pôr como a senhora da foto, coloquei sempre uma fralda. Para mim a mama é uma parte intima do meu corpo, assim como outras que faço questão de proteger, mesmo que a mama seja também fonte de alimento.
Acho que ser livre é poder optar pelo que nos deixa realizados.
Boa sorte