domingo, 10 de novembro de 2013

Regressos




Pelas mãos de uma grande amiga regressei a Tomar este fim-de-semana, depois de muitos anos.
Já aqui falei da minha psoríase e do mau bocado que passei durante uns anos, mas acho que nunca escrevi sobre as Termas do Agroal, a poucos quilómetros de Tomar. Nem sobre a água  gelada onde tinha de mergulhar várias vezes ao dia (saída directamente da nascente, debaixo de uma rocha), que de tão fria me adormecia os dedos e me arroxeava os lábios. Também nunca aqui falei da casa-de-banho que tínhamos de partilhar com os restantes hóspedes da única pensão que existia na zona, nem das pessoas que, como eu, para ali iam passar temporadas, à espera que aquela água as curasse dos males da pele. Algumas desfiguradas, outras com o corpo inteiro numa chaga. Não, acho que nunca vos falei disso. 
Mas seria injusta se, a par destas memórias menos felizes, não vos falasse do rio límpido e dos trilhos verdejantes que o Agroal tinha, das idas às grutas, dos serões com o Paulo a tocar flauta, das noites mesmo escuras e da lua mesmo cheia, das caminhadas nocturnas, de uma paixão platónica que por lá ficou, e da solidariedade da minha amiga Patrícia, que mergulhava nas águas gélidas para me motivar a mergulhar também. E a chorar menos.
Acredito que na vida tudo tem dois lados, e que mesmo as experiências menos boas têm lados solares.
Foi bom regressar a Tomar e foi bom lembrar-me de tudo outra vez.Trinta anos depois, mãe de três filhos e com menos manchas na pele. 
Afinal, {quase} tudo passa.



3 comentários:

Enjoy the Ride disse...

bonita terra :)

Anónimo disse...

olá gosto muito de ler o seu blog e depois de tanto tempo como seguidora deste blog descubro algum em comum entre nós a Dona Psoríase... beijocas.Vânia fernandes

Raquel Caldevilla disse...

Cada vez que a leio, mais percebo o quanto temos em comum.
Obrigada*