domingo, 15 de janeiro de 2012

Liso, Por favor!

Ontem foi noite de jantar com amigos. E apesar de andar em sucessivas tentativas (falhadas, devo dizer) para acabar com os excessos das festas, foi mais uma refeição pejada das melhores iguarias caseiras, desde o inusitado folhado de bacalhau e marmelada da C, até à tradicional feijoada de gambas da P, passando pelos enchidos, pelos queijos, pelos vinhos e pela companhia (muito) animada, capaz de levar o General Ramalho Eanes às lágrimas.
Mas o que mais me intrigou no encontro (desculpem lá, minhas amigas), foi a obsessão da mulherada pelo cabelo liso, tipo prancha de saltos.
Bem sei que não posso ser imparcial nesta discussão, porque me aconteceu um fenómeno capilar estranho ao longo dos anos: Quando era muito pequenina tinha o cabelo ondulado, com a idade ficou liso nipónico, e com a velhice, voltou às origens. Umas origens muito rebeldes, devo dizer.
Mas o que é certo, é que nenhuma daquelas minhas amigas (todas na casa dos 35/40 anos e todas lindas!), queria o cabelo encaracolado que Deus lhes deu.
E todas fazem esforços napoleónicos para contrariar a coisa, desde as tentativas mais humildes, até às mais sofisticadas, demoradas e dispendiosas.
A obsessão pelo alisamento capilar estende-se a tudo o que são festas e afins. E não há casamento, baptizado, ou evento que seja digno do nome, que não inflame nas mulheres, a compulsão pelo cabelo esticado.
Fique bem, ou mal.
Porque perdoem-me algumas senhoras, há rostos que não encaixam no cabelo liso, e ponto final.
Como há pernas que não encaixam em leggins.
E como há pés que não encaixam em stilettos. E por aí adiante. Nada a fazer.
Quem me conhece, sabe que não sou uma mulher tradicional. 
E que gosto muito de mudar de look.
E que nem sempre primo pelo bom gosto (mãe, isto não é carta verde para dizeres o que tens guardado há 20 anos!).
 Já usei rabos de cavalo postiços, piercing no nariz (há bem pouco tempo), cabelo cortado a "la garçonne", franjas de todos os tamanhos e feitios, e até já caí no disparate de cortar o cabelo de um lado e mantê-lo comprido do outro (corte que a Marília Pêra usou numa novela há 500 anos atrás). 
E é por ser um bocadinho louca, que me sinto no direito de dizer que há momentos na vida, em que sabe bem aceitarmos algumas coisitas que Deus nos deu.
Porque se até nos olharmos com atenção, algumas delas ficam-nos tão bem...e saem tão mais baratas.

MM