quarta-feira, 5 de setembro de 2018

A Mudança e o Medo


Muitas pessoas me perguntam se não tive medo de fazer as mudanças que fiz na vida, e se soube em que momento exacto fazê-las. Começando pela primeira questão, o medo faz parte. O medo alerta-nos para o perigo  e protege-nos tantas vezes. A chave está em esquecer a ideia de que o medo é um bicho papão, e encará-lo como ele é: um tipo porreiro que evita que façamos asneiras que nos custam caro. E eu sou a campeã dos medos: de baratas, de répteis, de alturas, de falhar, de acertar, de não pertencer, de ser má mãe, de ser má filha, de nunca ser suficiente, de não encaixar em sítio nenhum. Eu sou a pessoa que conheço que mais medo tem, talvez porque sou a que conheço melhor, mas não paraliso. Enfrento-o até libertar-me dele, como as cobras se libertam da pele, e saio sempre diferente; nem melhor nem pior, mas definitivamente transformada.
Quanto a saber o momento exacto para fazer mudanças, não sei. Se a vida fosse como fazer um bolo, bastariam a temperatura certa de forno e os gramas certos de açúcar e de farinha para tomar decisões, mas a vida real não se compadece com medidas exactas. De modo que é preciso intuição qb e doses homeopáticas de loucura. E é preciso ter planos B, C e D. E quem acredite em nós e nos dê a mão, mesmo quando tudo ainda parece não fazer sentido nenhum. Eu tenho isso tudo e sinto-me a mulher mais grata do mundo.

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