segunda-feira, 26 de junho de 2017

Sinto culpa porque...

...falto sistematicamente ao trabalho há quase dois meses, primeiro porque a minha mãe partiu o pulso e não arranjava creche para o Vicente e depois, porque arranjei creche e ele está sempre doente;
tenho projectos pessoais que não estou a conseguir adiantar no tempo a que me propus;
me falta tempo para namorar e para mimar o meu marido;
não sobram braços nem colo nem cérebro para tantos filhos e tantas solicitações diferentes;
não consigo manter a casa arrumada como imagino que as mães todas do mundo conseguem;
adormeço no sofá quase todas as noites;
não devolvo chamadas, não retribuo mensagens e mal respondo a mails;
fervo em pouca água;
ouço os outros, mas não escuto nada;
finjo que está tudo sob controlo, mas não raras vezes me sinto uma fraude.
No fundo, só quero que me deixem em paz durante um dia inteiro; que se esqueçam da minha existência e me larguem da mão, entregue ao mais profundo silêncio. Um dia, apenas.

10 comentários:

Anónimo disse...

Como a compreendo! :( Não está sózinha!
Que Deus, o Universo, nos ajudem! E vão ajudar! Um beijinho no coração! Força (para nós)!

Escrever Fotografar Sonhar disse...

Por menos, sinto-me assim também muitas vezes...
Um beijo grande amiga.

ana rita disse...

Adorei este desabafo vindo da vida real.
Força, somos muitas com este sentimento. Mas também com o sentimento de ir resolvendo as coisas a seu tempo.

Teresa Afonso disse...

Boa tarde!
Há muito tempo que sigo as suas aventuras... Hoje atrevi-me em falar. Parece-me que hoje a Marta precisa de um apoio, mesmo que a gente não se conheça, atrevi-me porque eu por vezes também me sinto assim... Não temos culpa, Marta, a sério, nós somos feitas de carne e osso, não de pedra. Somos seres emotivos. Mas não temos de sentir culpa.
Não se sinta culpada... Por vezes a vida dá-nos assim uns contratempos.Olha, paciência. Se assim não fosse, parece-me que a Vida também seria sempre cinzenta e insipida, e isso, diga-me lá, também não é assim tão emocionante, pois não?Se eu lhe contasse metade dos contratempos a que já tive de dar a volta... Enfim, um dia pode ser que os nossos caminhos se cruzem e bebemos um café e falamos. Vamos lá menina, toca a sair dessa onda e prepare-se para apanhar tantas outras. Beijinhos grandes!!!

Ana Filipa Oliveira disse...

E será que é possível desligar a cabeça nesse dia de profundo silêncio!? É que ela é a causadora do maior ruído que conheço. Forca, Marta! Ahhhhh e já há um buraco numa das suas teorias: eu sou mãe e a minha casa é o verdadeiro caos: papéis espalhados em cima dos móveis, da mesa de comer... o pó em cima dos ditos móveis a acumular... o caixotes de papelão dos brinquedos da pequena no hall da entrada para irem para o lixo... algumas coisas na mesma divisão para irem para a cave... a loiça (muitas vezes) sobre a bancada a tentar não cair da sua forma em pirâmide... ai e as casas de banho!?!?!?... já chorei muito, mesmo choro profundo e convulsivo, por causa disso. Mas eu sou só uma!? Não nasci polvo com mil braços!? E a minha sanidade mental (como este tempo para vir ao seu blog, por exemplo) é-me mais importante do que tudo o resto.

Anónimo disse...

E como está a ser a ida do Vicente para a creche? Já está melhor?

Unknown disse...

Marta, como a entendo, parece que estou a ler muitos dos meus pensamentos/frustrações (e só tenho 2 filhos e não 4!) Beijinhos

Anónimo disse...

Sente culpa como... se a responsabilidade do que acontece fosse inteiramente sua.

Anónimo disse...

Eu também! Culpa porque não consigo fazer bem o que "me compete" (eu sei que não me devia exigir isso).
Quero estar em todo o lado, fazer tudo, não gosto de pedir ajuda e acabo por não fazer nada de jeito.
E só tenho 2 filhos. Um deles com 5 meses e dependente de mim. O outro de 3 e a pedir a minha atenção para tudo. O trabalho... a casa...
Não dá mais... quero dormir. E ainda não é Inverno.
É tão bom ser mãe. :)
SM

A mamã vai casar disse...

Não está sozinha!
Há dias em que me apetece simplesmente fugir para uma ilha deserta e ficar lá dois dias seguidos só a dormir.