quarta-feira, 22 de março de 2017

As mães perfeitas são pura ficção!

Juvenália de Oliveira Fotografia
Não acredito em mães perfeitas, porque apesar de serem tantas vezes super-heroínas, são pessoas, e também não acredito em pessoas perfeitas. Acredito que se estivermos atentos ao caminho que vamos fazendo, vamos melhorando coisas em nós e, no caso da maternidade, vamos limando arestas, afinando prioridades e relativizando. Podemos caminhar para um ideal de perfeição, mas nunca chegaremos lá e, provavelmente, ainda bem. É uma tremenda chatice tentarmos a todo o custo sermos perfeitas, e é mais chato ainda quando, equivocadamente, achamos que somos e passamos a vida a tentar convencer os outros dessa nossa "verdade". Gastamos energia, perdemos tempo e não granjeamos muita simpatia. Em resumo, ficamos umas chatas do pior e cansamo-nos muito!
Olho para trás, agora com menos culpa que há uns anos, e vejo como a inexperiência e a imaturidade ditaram a mãe que comecei por ser do meu primeiro filho. Muitos medos, uma enorme ansiedade e a ingenuidade de achar que se me esforçasse muito, conseguiria atingir a perfeição. Claro que bastaram as primeiras horas com um bebé recém-nascido em casa, para perceber que estava a anos luz de ser perfeita, e muitos anos para me libertar da culpa de achar que falhara por nunca ter atingido esse "nirvana das mães": a perfeição.
Foram precisos quatro filhos e muitas mudanças na vida, para entender que fui sempre a melhor mãe que consegui ser para cada um deles em cada momento, e essa descoberta faz hoje de mim uma mãe mais pacificada. Reparem que não digo "menos culpada", porque nós, mães, temos isto: esta eterna veleidade de achar que somos o molde mais importante dos nossos filhos e que os nossos erros cravam-se-lhes na pele para a vida. Cravam, sim, mas nem sempre de forma negativa. A mãe que erra e que ama, ensina aos filhos que errar é humano e que o erro é independente do Amor. A mãe que erra e que ama, cria proximidade porque se humaniza. E dá a liberdade aos filhos de também eles errarem, sem que isso lhes retire mérito e confiança para irem testando os seus limites.
Com o passar dos anos, tenho aprendido a libertar-me da busca da perfeição e a ser eu própria, com todos os erros que isso implica. E à medida que o tempo avança, acho que vou preparando filhos mais felizes.

5 comentários:

Ana disse...

Um texto perfeito! Obrigada

Anónimo disse...

Excelente texto Marta. Bjs

Maria do Mundo disse...

Apesar de não ter 4 filhos (só tenho 2), penso que, aos 44 anos, já consegui assimilar que não serei nunca a perfeita e a ideal. Sou como sou, tento melhorar, mas, sobretudo, acima de tudo o amor.

Sofia Marques disse...

Ao sermos quem somos, somos as mães perfeitas para os nossos filhos :-)

Anónimo disse...

Lindo texto. Não sou mãe, mas cada vez mais acredito nesta "verdade", que se pode aplicar a outras situações e relações. Parabéns pelo caminho que está a trilhar.