domingo, 19 de março de 2017

A Mulher que está por trás da Pós-Graduação em Mediação Familiar!


A Ana Varão é uma das formadoras da Pós-Graduação em Mediação de Conflitos com especialização em Mediação Familiar que vou começar já na sexta-feira, é Psicóloga, Mestre em Sexologia e uma mãe babada de duas crianças lindas! É também a fundadora da Red Apple e uma mulher que admiro pela sua capacidade de "fazer acontecer".
Quase nas vésperas do início desta minha "viagem", quis fazer-lhe umas perguntas sobre o curso...

Como é que te interessaste pela Mediação Familiar?

Ana: Foi uma busca. Não foi ao acaso, foi a procura de um amor à primeira vista, se assim o podemos dizer: as relações familiares. Olhando para trás, posso ver hoje, que não foi ao acaso a formação que fiz até chegar aqui. Após completar a Licenciatura, tirei uma Pós-Graduação em Psicologia da Gravidez e da Parentalidade, depois um Mestrado em Sexologia e depois, ao mesmo tempo que tirei Psicologia Forense e Criminal, encontrei a Mediação Familiar. O curso fez-me parar esta busca por aquilo que nos identifica. O caminho guiou-me no sentido certo e foi-me dando bagagem suficiente para, de corpo e alma, deixar-me levar por este tema que ocupa hoje grande parte da minha vida.


Porquê esta área tão específica?

Ana: Porque fui constatando na minha prática clínica, como Psicóloga, que os pais precisam de ajuda no sentido de conseguirem ser pais, mesmo deixando de ser marido e mulher, e muitas vezes não sabem o caminho a seguir. E no meio, no meio disto tudo, estão as crianças que só querem continuar a ter os pais presentes na sua vida, ser amadas, protegidas e queridas.


Sentes que as famílias estão despertas para a Mediação, ou ainda é uma estratégia pouco utilizada para a resolução de conflitos?

Ana: Acho que ainda está longe do óptimo. Mas ao mesmo tempo, vejo cada vez mais famílias a pedir ajuda e isso é muito positivo. Costumo dizer que crescemos a ouvir histórias com finais felizes e ninguém nos ensina a separar… Ainda há muito a ideia de que “é normal” os pais darem-se mal porque são um ex-casal! Errado!!! Quando há filhos em comum, a bem dos filhos e do seu crescer saudável é por demais importante os pais encontrarem formas de comunicar positivamente sobre as crianças e a sua educação. Acredito que a Mediação será a melhor solução para gerir os conflitos familiares, porque ninguém melhor do que os próprios progenitores saberá o que é mais adequado para cada criança. Claro que é um desafio, isso de ser pai, sem ser casal, mas é fundamental passar a noção de que ser pai é para sempre, mesmo que a relação a dois tenha chegado ao fim.

Porque é que a Mediação Familiar é tão importante num processo de divórcio? Qual a mais-valia desta intervenção?

Ana: Porque as pessoas se sentem escutadas e apoiadas num momento tão difícil das suas vidas. Porque o mediador familiar estimula os pais ao diálogo, à escuta, à cooperação, num ambiente de respeito mútuo e aceitação. Porque se tratam as pessoas e as crianças pelo nome, trabalhando-se as especificidades, características e necessidades de cada família em particular. Porque a mediação aproxima as divergências, cria pontes e ajuda as partes a encontrar as soluções que precisam para reorganizar a sua família após a separação. Porque pelo caminho, se encontram respostas, formas de lidar com os conflitos e outros problemas que possam surgir no presente e futuro. Porque quando nos envolvemos e participamos de forma activa num compromisso de acordo, este será cumprido e trará a paz, tranquilidade e, por conseguinte, a merecida felicidade, para todos os membros da família. Porque estamos a proteger a criança e a contribuir para o o seu bem-estar ao minimizarmos o conflito interparental e trabalharmos estas competências de resolução de conflitos nos pais. Porque assim asseguramos a continuidade do contacto da criança com ambos os progenitores e a continuidade da família.

Esta Pós Graduação pode mesmo mudar vidas? Os formandos saem da formação a poderem ser mediadores?


Ana: Pode, porque mais do que uma Pós-Graduação é uma viagem! Uma viagem de descoberta da Mediação Familiar. Neste percurso, os formandos são desafiados a questionar, a reflectir e a colocar-se no lugar do outro, a conhecer a sua história pessoal, a sua narrativa. Quando a nossa visão do mundo, dos outros e do modo como lidamos com os outros muda, tudo muda em nós. Dificilmente saímos inalterados” deste caminho… Há uma mudança de perspectiva na forma como nos relacionamos e gerimos o conflito, quer no contexto pessoal, quer profissional. Pela partilha de casos práticos e participação activa em exercícios e role-plays, são trabalhadas no curso estratégias de comunicação; gestão e regulação de emoções e técnicas de negociação e resolução de conflitos; competências estas que serão fundamentais no papel de futuros mediadores. Esta formação (reconhecida pelo Ministério da Justiça) habilita os profissionais ao exercício profissional da atividade de mediador familiar, quer no sistema público de mediação, quer no contexto privado.

5 comentários:

Ana Maria Maia Gonçalves disse...

Bom dia, um curso é algo feito por várias pessoas e em equipa. Este post parece me mais uma publicidade para a Ana Varão e para a Red-Apple e uma forma de atrair participantes e é para mim triste de não ver nenhum reconhecimento de uma equipa de professores, que, ela sim faz um curso.
Atrair pessoas pelo perfil de um professor, que é o dono da instituição promotora, misturar mediação familiar, com frases sobre crianças, não falar de critérios de qualidade e misturar razoes pelas quais se deve recorrer á mediação familiar com razoes que podem levar alguém a ser mediador parece me uma forma que em nada ajuda a promoção da profissão de mediador de conflitos. - e isto tudo independentemente do perfil da Ana Varão com quem já tive oportunidade de falar e sobre quem não conheço suficientemente para me pronunciar.

De qualquer forma, parabéns pelo seu blogue!
Ana Maria Maia Gonçalves

Ana Maria Maia Gonçalves disse...

Acabei de ver que os comentários neste bloggue necessitam de aprovação....

Dolce Far Niente disse...

Cara Ana Maria Maia Gonçalves, obrigada pelo comentário.
Este não se trata de um blogue institucional, mas pessoal, pelo que os critérios de publicação de posts são, exclusivamente, da minha responsabilidade, com tudo o que de subjectivo isso acarreta. Este não se trata de um post de publicidade à Ana Varão (mulher e profissional que admiro muito), mas de divulgação clara de um curso que estou a frequentar e em que acredito. As perguntas colocadas à Ana foram pensadas por mim em função das minhas próprias questões e do que me parece que pode ser interessante para os leitores deste blogue. Não tenho a veleidade de achar que as perguntas colocadas irão abranger tudo aquilo que a Mediação Familiar representa, mas tenho toda a liberdade e legitimidade para perguntar o que me apetece e o que acho que pode ser uma mais valia neste contexto tão subjectivo que é o meu blogue.
Aproveito para esclarecer que não me fez nenhum sentido entrevistar toda a equipa de formadores, até porque me parece óbvio que, sem ela, esta formação não poderia existir. Decidi entrevistar a Ana na qualidade de coordenadora desta Pós-Graduação, de fundadora da Red Apple e de mulher que admiro por muitas razões.
Espero ter esclarecido grande parte das suas questões.

Dolce Far Niente disse...

Cara Ana Maria, os seus dois comentários foram publicados. Pode ficar descansada.

Ana Maria Maia Gonçalves disse...

Obrigada. Agradeço a sua resposta e percebo o seu ponto de vista. Como se trata de um blogue onde se podem deixar comentários utilizei essa função para exprimir a minha opinião. Acredito que ficamos todos mais completos quando conhecemos outras perspetivas e quando somos capazes de as debater e respeitar.
Ana

Ps: percebo também a sua perspetiva quanto ao grupo de professores, e reconheço que as minhas palavras retratam o que acredito e que claro podem outros fazer e agir de forma diferente. Espero que tenha atraído alunos para o próximo curso, precisamos de pessoas formadas em resolução de conflitos para ter um mundo mais pacífico. Até sempre.