Na fila do supermercado ou numa loja qualquer, sou algumas vezes abordada para me fazerem perguntas sobre como corre a gravidez. Acho sempre incrível a aura que as grávidas continuam a ter, tantas vezes junto de outras mulheres. Querem dar-me dicas para passar este último trimestre, perguntam-me se é menino ou menina, pedem-me para fazer festas na barriga, avisam-me que esta é a melhor altura para dormir, porque daqui a poucos meses cairá o carmo e a trindade em minha casa. O discurso {ou monólogo, como lhe quiserem chamar}, acaba sempre da mesma maneira: "É o primeiro ou o segundo?". E quando respondo que é o quarto, a conversa é rematada invariavelmente assim: "A sério?? Olhe, esqueça tudo o que lhe disse, já é uma profissional!".
Aqui que ninguém nos ouve, não me sinto profissional de nada, muito menos no que à maternidade diz respeito. As dúvidas continuam a ser mais que muitas, e à medida que os miúdos crescem, elas vão crescendo em idêntico peso e tamanho. Ainda assim, sorrio e aceno com a cabeça em sinal de concordância. Convencer os outros é meio caminho andado para me ir convencendo a mim própria. E a verdade é que já vou com meia lição estudada: aconteça o que acontecer na vida dos meus filhos, não serei a culpada de tudo. Isto para já, basta-me.
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