quarta-feira, 13 de abril de 2016

Os meus beijos [neste Dia do Beijo]

O meu primeiro beijo foi melado e sem graça. Treinei anos a fio numa cadeira amarela que tinha na cozinha da casa dos meus pais, e fui aprendiz atenta de todos os beijos das novelas da Rede Globo, onde à custa dos "beijos técnicos", fui induzida em erro: era certo que a boca não abria nunca e que as cabeças se limitavam a rodar de um lado para o outro, numa dança perto do medíocre.
Levei uns anos a sentir a "arte do beijo" dominada, estritamente por culpa minha, já que enquanto a coisa se dava, pensava na matéria que ainda tinha que estudar, no arroz que estava ao lume, no que ia vestir no dia seguinte e assim sucessivamente.
Hoje, ao contrário, esqueço-me de quase tudo quando beijo o meu marido - dos afazeres, do arroz, da roupa que vou vestir - e rio-me sozinha com a ironia da vida que, às vezes, se vive ao contrário.
Nunca é tarde.

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