terça-feira, 22 de março de 2016

Paz podre

Acabei de acordar, ainda embriagada pelo fim-de-semana emotivo e pela quantidade de acontecimentos pessoais que tenho para festejar. Tiro uma foto com o meu marido e com o nosso bebé na casa-de-banho e sentamo-nos a tomar café na cozinha, antes dele sair para o trabalho. Fecho a porta de casa calmamente, e venho para o computador pôr a escrita em dia e ler as últimas notícias. É quando percebo que Bruxelas sofreu um atentado terrorista, deviam ser sete da manhã em Lisboa, hora em que abri os olhos, agarrada ao homem da minha vida e lhe disse que amava acordar ao seu lado. Também deve ter sido a hora em que beijou a minha {nossa} barriga vezes sem conta, segredando ao filho o amor que lhe tem e as vezes que pensou nele, embrenhado na Serra da Lousã, na sua aventura de 54km.
A vida não se percebe, por mais que tente entender-lhe o sentido. Esta paz que coexiste com o caos, e que por momentos nos enche de uma culpa vã. O Amor lado a lado com o ódio, a lembrar-nos que isto é tudo efémero e que nada permanece, nem a luz nem a sombra.
Da minha janela vê-se um sol radioso e juro que acordei de alma renovada com este dia luminoso. Mas e o resto à volta?
Pois.

Sem comentários: