terça-feira, 1 de março de 2016

E quando os filhos estão doentes e ficam com o pai?

Tenho os meus dois rapazes doentes desde ontem, com uma virose daquelas que dá febre baixa, muitos vómitos e diarreia. Parece que o maldito bicho dura 24 horas, mas enquanto por cá anda, causa mossa: prostração, o risco de desidratação, o costume nestas situações.
Esta semana, contudo, é a semana dos meus filhos estarem com o pai, e com o pai permanecem nestas circunstâncias.
Há segundos do dia em que me pergunto se faço a coisa certa. Se não deveria ser eu a assegurar, sempre, os cuidados aos meus filhos quando estão doentes. Passo alguns minutos a penitenciar-me em pensamento, num sentimento de culpa que acredito, nos corre a nós, mulheres e mães nas veias, desde tempos imemoriais. Esta maldita crença que nos diz que a mãe deve ser a única cuidadora, a única progenitora com competências e com o dever de cuidar.
É fácil cair nesta "teia da culpa". É demasiado fácil. Porque nos esquecemos que o pai é igualmente capaz de o fazer, biológica e emocionalmente falando. E porque cuidar dos filhos não é só um dever, mas também é um direito que assiste aos dois, pai e mãe.
Neste tempo que vivemos, em que a guarda parental se partilha no superior interesse da criança {partindo, naturalmente, do princípio que os filhos são amados e bem cuidados em ambos os lados das suas vidas, como é o caso}, partilham-se deveres e direitos, responsabilidades, preocupações e alegrias. Poder estar com a mãe e com o pai em partes iguais, implica que as crianças vivam esta partilha num todo, sem ser pela metade. A parte, neste caso, não implica metade nenhuma. Ao contrário, implica que de ambos os lados os filhos sintam o suporte necessário quando as coisas correm bem, e nos momentos que correm menos bem, e para os quais precisam sentir segurança da mesma maneira.

Ontem os meus filhos estavam doentes e fui aconchegá-los à noite, em casa do pai. E não saí de coração apertado por duas razões: porque estavam bem, e porque percebi que  os filhos dão lições de vida aos pais, diariamente. Assim sejamos todos crescidos para conseguir percebê-lo.

4 comentários:

da cidade pro campo disse...

Brilhante.
Obrigada.
Beijinho em dose dupla.

Anónimo disse...

Os filhos são da mãe e do pai... é assim mesmo... e tu és uma grande mulher... beijos aqui de Évora
Helena Amaro Eleutério

Anónimo disse...

Muitos parabéns pelo seu (vosso) comportamento.
O fim de uma relação amorosa jamais deve determinar o fim de uma relação pai ou mãe/filhos.
Infelizmente o que vemos mais no dia a dia são os pais a utilizarem as crianças como armas de arremesso e a instrumentalizarem as crianças para saciarem a sua sede de vingança.
Hoje os seus filhos, por serem muito novos, ainda não percebem o bem que lhes estão a fazer os pais. Um dia, em que também eles sejam pais, e caso aconteça uma separação, serão com toda a certeza pais saudáveis, face ao exemplo que tiveram.
Parabéns e obrigada pelo exemplo.
Tudo de bom.
bj

Anónimo disse...

Parabéns por serem assim, tão bom para todos.
Aqui o meu irmão separou se e estamos proibidos de gostar ou falar com a minha ex-cunhada, uma tristeza...