terça-feira, 24 de novembro de 2015

Mas afinal, o que é que as mulheres querem?


No outro dia falava ao almoço com dois amigos, um homem e uma mulher.
Ele queixava-se das mulheres. Que estão diferentes. Que já não são como dantes. Que hoje já não querem conversas, nem flores, nem romance. Que querem uma boa noite de sexo, e apenas isso. Que está profundamente baralhado, que já não sabe como reagir, nem o que fazer.
Meu caro amigo, as mulheres não são um livro aberto, nem um facto consumado. Não são todas iguais, não usam todas a mesma bitola, não nasceram todas para o mesmo fado. E já não vão na história do destino nem no conto do vigário.
Quero com isto dizer que sim, há as que querem romance e preliminares e flores e música de fundo. Há as que apreciam uma boa conversa, um copo de vinho tinto, as Sombras de Grey, ou o Animal Moribundo de Philip Roth {para mim, esse sim, um livro erótico, mas são opiniões}. Há também as que não querem nada disso. Querem chegar e arrumar o assunto com avidez. Querem purgar algumas dores, ou simplesmente desfazer-se em prazer. Um prazer que não precisa de doçuras, nem de festinhas antecipadas, nem atenções especiais. Um prazer que se resolve, e que resolvido fica feito. Ponto final.
E não querendo baralhar mais ainda o meu amigo, há ainda outras mulheres. As que se acham no direito {abençoadas!}, de querer o melhor dos dois mundos, dependendo da fase da vida, do homem que têm ao lado, da ferida que precisam curar, da hora do dia. As que sabem que há momentos para tudo: uma conversa pela noite dentro e nada mais, uns amassos no sofá a ver uma série porreira, uma queca descomunal. São também as que gostam de rapidinhas num canto qualquer, tanto quanto de noites longas de amor, com direito a música de fundo e à palavra "amo-te" em repeat.
O Marco Paulo tinha razão na sua imensa sabedoria popular, da "lady na mesa e da louca na cama". Gosto do Marco e acho-o um tipo inteligente.
Posto isto, constato que o erro da maioria dos homens não está no desconhecimento que acham que têm sobre as mulheres. O erro criminoso está na ingenuidade que ainda mantêm {e que claramente lhes foi vendida}, de que existe um estereótipo de mulheres. Uma linha que separa as mulheres de bem {as do romance e da música de fundo}, das mulheres da vida {as que só querem sexo, as malandras!}.
Informo, em primeira mão, que as duas podem conviver muito bem numa só mulher, muito obrigada. E é bom que os homens percebam isso de uma vez por todas. E já agora, que algumas mulheres também.


2 comentários:

Anita disse...

Clap, clap, clap, clap! Um grande aplauso a este texto.
Importa mesmo que cada um saiba o que é e o que quer, para não andar a vender gato por lebre e arrastar o outro para uma situação e depois perceber que afinal não é nada daquilo.
Bom texto ☺

Anónimo disse...

Uma fantástica análise. Simples e concisa. Parabéns pela escorrência das palavras. Obrigada por verbalizar de forma tão hábil o meu sentir