sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

E quando o desamor acontece?

Ninguém precisa explicar porque se apaixona. Apaixona-se e pronto. Coup de foudre. Amor à primeira vista. Paixão assolapada. Amor de perdição.
O dicionário está cheio de expressões que demonstram por a+b que o amor acontece. Dá-se numa magia inexplicável entre o quanto gostamos de como o outro pensa, até à tesão que o outro nos dá. E tudo serve para o desconcerto: as mãos papudas, o nariz adunco, a maneira como a pessoa amada mexe no cabelo. Tudo {absolutamente tudo}, pode servir para justificar o surgimento do amor. A química acontece e não se questiona de que matéria é feita.
Mal vão as coisas, no entanto, quando se deixa de gostar. As explicações sucedem-se, às vezes, numa catadupa de mentiras piedosas. Não te mereço. Vamos só dar um tempo. Estou confuso(a). Precisas de alguém melhor que eu.
O chorrilho de justificações caridosas poderia continuar indefinidamente, numa procissão que toda a gente reconhece, sejamos honestos. Já todos estivemos, nalgum momento da vida, nos dois lados da barricada.
É fácil entendermos a química do amor, mas custa-nos encaixar a do desamor. A magia do desencanto. 
Quem deixa de ser amado não entende. Precisa de porquês, como de pão para a boca. Precisa que lhe digam que há uma razão racional: uma outra paixão, uma palavra dita fora do lugar, uma desilusão. E quem deixa de amar, também nem sempre sabe porque é que o feitiço se quebrou. Onde é que alguma coisa se partiu. Como, porquê. Em que exacto momento da viagem a dois.

Seria mais fácil para todos os amantes, sabermos que deixamos de amar, ou de ser amados, por alguma razão palpável. Mas desconfio que, tal como no coup de foudre do amor, o desamor também apareça sem pré-aviso.  E aí, só nos resta uma solução: viver intensamente o amor enquanto dura. E acreditar que durará a vida inteira, que há feitiços que podem ser eternos. 
Os outros {aqueles que não duram}, não eram para ser.


9 comentários:

Rita R. disse...

O meu amor veio sempre acontecendo devagarinho... o meu desamor acho que é mais repentino... deixa-se de amar e pronto. sem tristezas.
Como diz o Outro: "Amai o próximo!"... "que o anterior já foi!" (digo eu claro!)

Lili disse...

Tão [mas tão] verdade.
(...)"Que seja eterno enquanto dura"(...)

<3

Inês disse...

É tão isto...
... exactamente como o penso, exactamente como o sinto!
Como sempre, este post é mais do que acertado, obrigado!

Becas disse...

Ainda bem que em dias de chuva lá fora e chuva na alma, alguém tem a capacidade de nos ajudar ainda que por mero acaso... o desamor chegou-me ontem...

Cristina Pedro disse...

Mais uma vez na muche.
Estou a terminar uma relação de 30 anos...........o desamor não se explica. Gosto de vir aqui. Aqui encontro-me e não me sinto um bicho estranho ;)

Anónimo disse...

Tenho-me sentido assim.. penso que é desamor, ou talvez esteja apenas confusa, já não me sinto feliz, e acho que me custa muito mesmo muito admitir..
Obrigada pelo post de hoje

Anónimo disse...

Absolutamente verdade tudo o que disse, Marta...Mais uma vez,revejo-me em cada uma destas palavras.É bom sentirmos que alguém consegue pôr por escrito aquilo que muitas vezes queremos explicar e não conseguimos. Obrigada!

Ana disse...

Muito obrigada, mesmo sem saber ajuda, tanto!!
É tão dificil dizer acabou, ainda não consegui!! :(

Daniela disse...

Concordo contigo Marta. Ha algum tempo que leio o teu blog mas nunca comentei. Na realidade, gosto mt da maneira como escreves (acho q das ultimas vezes q vi o teu homem lhe disse isso :)) mt racional e mts vezes me revejo nas tuas palavras. E este e mais um caso. E tao verdade o q escreveste q sinto q eu propria o podia ter escrito :).

Mts parabens e mts felicidades!