Há quem diga que
a “crise” nos mudou para melhor.
Ampliou
consciências, mudou prioridades de consumo, ajudou a distinguir o essencial do
acessório, fez crescer a capacidade de sermos criativos, ensinou-nos a valorizar
a Natureza, os verdadeiros amigos, o papagaio lá de casa, mostrou-nos o caminho
da redenção.
E eu, apesar de
ser uma mulher optimista, não consigo chegar a tanto, por mais que me esforce.
E juro que me esforço, todos os dias. Talvez porque sou funcionária pública e
mãe de três filhos. Talvez porque sou Assistente Social e trabalhe diariamente com
gente que não consegue ver o lado solar da malfadada crise. Gente que deixou
{ou vai aos poucos deixando} de poder viver uma vida condigna, num processo que
nem sempre é abrupto, mas que ao contrário, é triste e dramaticamente lento,
como numa espécie de morte lenta.
Ainda assim, e
talvez por isso mesmo, continua a valer a pena falar do Natal. Escrever sobre
ele e lembrá-lo da única forma que ainda vai fazendo sentido: em família ou
entre amigos; junto de quem se gosta e ao pé de quem se quer viver o resto da
vida; à roda de uma mesa farta, ou à frente de um lume quentinho. Tanto faz,
desde que o Natal seja o mote, a desculpa, o lembrete para nos recordarmos
todos que, apesar da crise e da loucura em que este mundo anda metido, há
valores que ainda permanecem. Coisas simples, que não vale a pena complicar –
dizer “amo-te” mais vezes; abraçar todos os dias; ligar a quem já não se fala
há muito tempo, ajudar numa tarefa pequenina, mostrar que nos importamos.
E se no seu
Natal ainda houver espaço para lembranças, compre à volta do bairro, compre perto,
aposte no comércio local.
Há decisões
pequeninas que operam verdadeiros milagres.
E há famílias
vizinhas que agradecem. Literalmente.
1 comentário:
Deste-me uma ideia... Depois conto.
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