A vida devia avisar-nos quando nos decide mudar as voltas.
Devia haver o raio de uma campainha, um grito estridente, um megafone, um sinal, uma merda qualquer. Algo que nos avisasse que a vida iria mudar. Qualquer coisa que nos ajudasse a preparar. A reservar energias, a organizar ajudas, a fortalecer o corpo com espinafres, chá de menta, qualquer coisa.
Mas ela não avisa. A vida não avisa nada.
Há um dia em que a coisa muda de figura e ficamos descalços, despreparados, em estado de choque.
E o mundo continua a correr lá fora, apesar da dor que temos cá dentro.
O sol nasce e põe-se. Os autocarros passam nas paragens à mesma hora. O ponto continua a picar-se quatro vezes por dia. O vizinho de cima ainda faz xi-xi às sete da manhã. Os almoços e jantares continuam a ter de ser feitos. O sol continua a bater na janela em Novembro {como é que não ficou tudo cinzento de repente?]. Os cães continuam a ladrar quando a caravana passa. Há pessoas que riem na rua, que se abraçam. As crianças continuam a andar de bicicleta e a brincar no parque. Bebo o meu abatanado cheio e a minha meia torrada no sítio do costume. Continuo a rir-me como os palhaços em dia de circo.
A vida parece continuar a mesma. Mas porque é que ninguém vê que, dentro de mim, nada mais será como dantes?
4 comentários:
Porque olhas por todos e as pessoas esquecem-se que também podes estar a precisar...um grande beijo
Não sabes, mas neste momento estou a dar-te um grande abraço.
Oh pah... até estou assustada...
(está tudo bem?)
Poderia ter sido eu a escrever isto! Exatamente agora!
OBRIGADA!
Enviar um comentário