quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Apneia materna

Fui buscar a minha filha à escola debaixo de um dilúvio.
Estava já escuro, acertei em quase todas as poças de água desde a entrada do portão até ao ATL, e valeu-me a simpatia de outra mãe, que me emprestou um segundo guarda-chuva que trazia.
De regresso a casa, já no carro, mal víamos o caminho, tal era a força da água a abater-se sobre nós. Ia muito devagar, a aparentar uma serenidade que não tinha, e tentava falar de outros assuntos que pudessem distrair a minha filha do cenário dantesco daqueles minutos. 
De repente, ouço-a dizer "mamã, eu não me importo de morrer, mas tu não". E o meu coração parou.
Ser mãe também é isto. Fazemos apneias com relativa facilidade.

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