quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Dia Mundial da Alimentação [mãe, este post é para ti]

Há muitos anos atrás, mais ou menos com a idade que a minha filha tem hoje, tive um problema de saúde grave.
A minha mãe, desesperada, correu seca e meca à procura de uma solução que acabasse com as dores de barriga que me faziam rebolar, aos gritos, pela casa. Dores que não me deixavam brincar, nem rir, nem ser criança.
A solução tardou a chegar e não veio pelos meios tradicionais. A mudança drástica de alimentação foi, há mais de 30 anos atrás, a única alternativa com resultados observáveis. Tornei-me ovo-lacto-vegetariana com 7 anos, debaixo de muitas críticas à decisão (que para a época parecia arriscada), e que granjeou à minha mãe críticas de alguns médicos conhecidos da praça. Um deles chegou a dizer que o meu crescimento estaria irremediavelmente comprometido. Trinta anos depois, tenho que discordar. 
Foi nessa altura que deixei de comer todo o tipo de carne. E também foi nessa altura que cortei quase todos os açucares. Tb foi aí que provei jardineira de soja e sopa de lentilhas pela primeira vez. E que bebi e gostei de sumo de beterraba. 
Curei-me das dores de barriga lancinantes, e passado um tempo, fui voltando à alimentação tradicional, passando a introduzir, aos poucos, os alimentos que retirara.
Hoje, com 40 anos, adoro comer. Quem me conhece sabe a amplitude deste gosto. Conhece de cor o meu mau génio quando sinto fome, e sabe o gozo que me dá sentar-me à mesa e apreciar uma boa refeição. 
Tento, contudo, ter alguns cuidados no dia-a-dia: praticamente só como carnes brancas, prefiro o mel, o açúcar amarelo e o mascavado ao branco, opto por pão escuro e tenho vindo a regressar aos cereais integrais. O arroz integral é, agora, o meu melhor amigo.
Não sou fundamentalista, de todo. Ontem almocei uma bela alheira e recuso-me a resistir aos melhores bolos do meu universo [estes]. Não olho a privações entre amigos e dou-me ao luxo, sempre que a cabeça e o corpo precisam, de comer um Magnum Amêndoas, uma barra de chocolate negro, um travesseiro de Sintra da Piriquita, que quando se prevarica, que seja em grande estilo e sem culpa.
Ainda assim, dizem que voltamos sempre aos hábitos alimentares da infância. Aqueles que terão, algures, ficado impressos no nosso ADN dos afectos. 
Acho que vou caminhando lentamente para aí. Ao meu ritmo. Sem pressa.

[mãe, vamos ficando iguais, não é?...Obrigada pelos ensinamentos destes anos todos. Embora às vezes não pareça, sou mais parecida contigo do que julgas]



1 comentário:

Ju Figueiredo Silva disse...

Que belo post, mais uma das opiniões que comprovam que a carne pode curar alguns males! Tu e a tua mãe são lindas :) *