domingo, 25 de maio de 2014

Ter ou não ter mais um filho [eis a questão]

Agora que demos o nó, as perguntas sobre se tenciono ter mais um filho têm crescido exponencialmente. Não que antes não acontecessem, mas parece que em pleno século XXI, a instituição matrimónio ainda pesa no que toca à procriação.
Confesso que saber da gravidez da Sónia mexeu comigo. Afinal de contas, sou mulher em idade fértil {mas não por muito mais tempo}, e imaginar ter um filho com o homem da minha vida é uma ideia deliciosa. Perigosamente deliciosa. Uma vertigem daquelas que dá borboletas no estômago.
A verdade é que nunca partilhámos nenhuma gravidez, nem os primeiros meses de bebé nenhum. Nunca senti a sua mão tocar a minha barriga premiada, nunca o vi embalar um filho nosso, nunca passámos pela experiência da primeira papa, do primeiro dente, dos primeiros passos. E quando respondo que não tencionamos ter filhos, a maioria das pessoas entristece. Como se fizesse sempre parte da vida ter filhos em conjunto. E como se não tivesse o direito de me arrogar essa decisão, logo eu que tenho três e o meu marido, nenhum.
Mas como explicar a quem não partilha a vida connosco, que quando vejo o Rui a aconchegar os meus três filhos à noite, a iluminar-se com as suas alegrias e as acinzentar-se com as suas tristezas, já conhece de cor os segredos que a paternidade encerra? E como mostrar a quem não mora cá em casa, que saber fazer Nestum com mel na consistência certa e torradas com manteiga Becel é exercitar a paternidade todos os dias?

Não digo "nunca" por princípio, que a vida já me ensinou muitas vezes que fazê-lo, é um erro de principiante. Mas tenho para mim que a maternidade e a paternidade nem sempre precisam de primeiras papas, de primeiros dentes e de primeiros passos. Precisam de Amor. E isso, já temos de sobra.


9 comentários:

Geraldina disse...

Deliciosa Marta.

Júlia cardoso disse...

Uma reflexão com muita consistência, maturidade, sabedoria e a saber pôr as coisas no seu justo lugar. Dos melhores post´s, para mim...

Isabel Patrício disse...

Será? Que seja uma decisão a dois, consciente, franca e honesta!muitas felicidades.

Unknown disse...

Concordo a 200% mas eu cedi e tive mais um. :)
7 anos depois de estarmos juntos, com os meus já crescidos, nasceu o fruto do nosso amor. E tem sido fantástico. Parece que ainda "aguçou" mais o instinto paternal com os outros.

Anónimo disse...

Sim foi lindo o que escreveu...mas ainda sou antiga nesta coisa de um grande amor. Não seria lindo ter um fruto desse amor tão grande? Já imaginou a felicidade a quadriplicar? Virei sempre aqui à espera do positivo! Bjs

Sandra / Funchal

Juvenália Dorotea disse...

Como concordo com as tuas reflexões, especialmente com os últimos três parágrafos, filhota!
Só mesmo quem não assiste ao dia-a-dia das crianças e do Rui, acha que há necessidade de mais um filho!
E depois, é super romântico ter um filho dum grande amor! Mas ninguém fala de coisas tão comezinhas como as noites mal dormidas e subsequente falta de paciência de todos os envolvidos, das preocupações com as doenças comuns aos recém-nascidos, dos problemas a vários níveis que trazem os “infectários” que agora não há como evitar, da intimidade e da liberdade do casal que se coarcta, da falta de tempo para os mais crescidos, que já não sobra, entre as muitas actividades que todos têm e dos apoios de que necessitam, das limitações no convívio com os amigos e ainda “the last, but not the least”, do problema do espaço para mais uma criança em casa e da obrigação de se adquirir um carro maior e todas as outras despesas que um bebé implica, numa época, sem fim à vista, em que os vencimentos só decrescem.
E o tempo para correr, para o blog e para o lançamento dos livros que por ai vierem?
Já assim, nem sempre é fácil e há mais um filho a entrar no 2º ciclo com mais trabalho pela frente e a precisar de mais apoio e um pré adolescente com tudo o que isso implica.
E já agora, há ainda uma outra questão que me surge – como reagiriam os miúdos, cada um com as suas especificidades, ao natural e imprescindível apego do Rui e da mãe a um novo serzinho que chegasse por aí, por mais que, romanticamente, também eles possam abordar o assunto…?

Sara Patrão disse...

A gravidez da Sónia tb me deixou a pensar...a crise levou a ideia de ter um terceiro filho que ainda anda por aqui...e mais outro...para pequena já basta a minha família...a minha quero-a do tamanho do meu <3

Paula disse...

O importante é cada um decidir com o seu coração!
vidademulheraos40.blogspot.com.

Anónimo disse...

Querida Marta concordo com algumas coisas que escreveu... mas antes de dar a minha opinião, deixe-me felicitá-la pelo casamento e pela forma maravilhosa com que escreve. Desejo-lhe as maiores felicidades ao lado do homem da sua vida.
Prós e contras da maternidade dava um blog e não um post...! Mas eu, católica, defendo a vida humana (não estou a dizer q a Marta n o faz!) e defendo também que há coisas que não podem apenas depender da nossa vontade. Devemos estar abertos à vida, utilizando os métodos de planeamento familiar e aceitar o bebé se vier. Quão bonita é a Maternidade, quão bom seria ter um filho com o homem da sua vida, não desvalorizando os gestos de paternidade dele...! Não pense muito, arrisque!!! :)